Filme de Angelina Jolie sobre Loung Ung impressiona o povo cambojano

Muitos cambojanos se reuniram em um templo budistas na semana passada para prestar homenagem aos espíritos de seus antepassados ​​durante as férias de Pchum Ben, mas alguns também se comunicaram com os fantasmas do passado de uma maneira diferente: através de um filme.

O novo filme de Angelina Jolie "First They Killed my Father", baseado nas memorias da sobrevivente do regime Khmer Vermelho, Loung Ung, foi lançado nos cinemas no dia 8 de setembro e tem lotado os cinemas desde então.

O longa foi o primeiro filme de Hollywood filmado inteiramente na língua Khmer, e no Camboja. Nas exibições que o VOA Khmer participou, os telespectadores locais responderam fortemente à narrativa do filme, sussurrando animadamente aos membros de suas famílias, quando os momentos na tela lhes lembravam suas próprias vidas e sorriam nos poucos momentos de leveza do roteiro.

Muitos choraram abertamente pelo retrato do filme sobre a brutalidade e as privações causadas pelo brutal regime Khmer Vermelhos, que viu mais de 1,7 milhões de cambojanos sofrerem, serem mortos ou forçados a trabalhar com fome. Ao termino de cada uma das exibição, o filme foi ovacionado por deixar uma mensagem de esperança, quando Loung e quatro de seus irmãos se reuniram para realizar uma tradicional cerimônia memorial budista para os espíritos de seus pais e irmãs mortas.

Após as exibições, os gerentes dos cinemas disseram que ficaram emocionados com a ênfase do filme sobre a resistência das relações familiares ao longo do tempo e do espaço. Alguns disseram que o filme os ajudou a entender melhor seus antepassados, vivos e mortos, e planejam usar a história de Loung como ponto de partida para discutir suas próprias histórias familiares.

Dois terços da população cambojana nasceu após a queda do Khmer Vermelho em 1979 e muitas vezes essas pessoas se esforçam para compreender a magnitude do sofrimento de seus pais e avós. É igualmente difícil para os pais transmitir os traumas da história aos seus filhos, disse Nheb Ngi Veng, 62, que assistiu o filme com sua esposa e dois filhos.

Sendo um menino em um Camboja pacífico dos anos 60, ele achou impossível acreditar nas histórias de sua mãe sobre a crueldade dos guerrilheiros do Khmer Issarak lutando entre os campo. Hoje, seus próprios filhos, em seus 20 anos, estão igualmente incrédulos em relação às suas histórias do regime do Khmer Vermelho, durante o qual ele foi forçado a trabalhado duramente nos campos.

"Ainda assim, me parece inacreditável que o Camboja tenha decido tão baixo assim", disse ele.

Sua esposa, Suy Siv Teng, de 58 anos, que deixou o cinema segurando as mãos de seus dois filhos, disse que o filme trazia lembranças arrepiantes para ela. Em particular, ela ficou impressionada com a profunda emoção na cena quando a mãe de Loung ordenou que seus filhos a deixassem e fingissem serem órfãos. O plano salvou suas vidas, mas ela morreu sem vê-los novamente.

"Falando sobre o filme e me lembrando novamente disso, agora sinto arrepios", disse Siv Teng, esfregando os braços.

Em abril de 1975, quando o Khmer Vermelho invadiu Phnom Penh, ela morava na capital como uma estudante. Quando os soldados comunistas ordenaram que os habitantes da cidade partissem imediatamente, ela pensou que a evacuação seria temporária. Mas ao contrario disso, ela ficou anos sem voltar.

"Eu disse a meus filhos quando estávamos assistindo o filme, que eu não levei comigo, nada além de alguns livros para estudar, porque eu tinha medo de não poder acompanhar as minhas aulas quando voltasse", disse ela. "Infelizmente, não poderíamos voltar e me pediram para jogar fora os livros".

Preap Lina, que tem 40 anos hoje, passou os anos de aprendizado vivendo sob o governo do Khmer Vermelho. Na semana passada, ela trouxe 11 de seus filhos, sobrinhas e sobrinhos para ver o filme, dizendo que estava feliz por finalmente ter a chance de mostrar a eles, como era a sua vida naquela época.

"Eu só quero lembrá-los das experiências que eu costumava enfrentar quando eu era jovem, coisas que a nova geração pensa que não poderiam ter acontecido", disse ela.

Uma de suas filhas, Rath Panhanita, de 22 anos, disse que sua mãe freqüentemente lhe pede para ser mais firme. Depois de assistir o filme, que mostrou uma jovem obrigada a trabalhar nos campos de arroz e armar e enterrar minas como criança soldada, ela disse que poderia entender melhor essa perspectiva.

"Minha mãe queria que víssemos essa geração, o quão difícil era, queria que entendêssemos, então não seriamos tão cheio de raiva", disse ela. "Isso significa que em uma situação difícil, devemos superar isso, como eles fizeram em sua geração".

A cena que retrata o pai de Loung sendo espancado pelos soldados, e depois morto, também causou um grande impacto na Sra. Panhanita.

"Eu amo meu pai, assim como essa garota amou o dela", disse ela. "Imaginei como eu me sentiria se meu pai fosse tirado assim de mim".

Nem todo mundo estava ansioso para ver suas experiências dolorosas reproduzidas na tela grande. Chan Lyda, de 28 anos, comerciante on-line, disse que o regime do Khmer Vermelho ainda era tão cruel e doloroso para seus pais que eles se recusaram a ver o filme com ela.

Mas, mesmo sem a presença deles, o filme deu a ela um novo senso de empatia pelo que passaram, disse ela. Os pais, muitas vezes, falaram sobre o quão difícil eram suas vidas, sobre os anos em que eles não tinham bens. Mas para ela, essas eram apenas histórias.

A Sra. Lyda ainda não tem uma boa ideia do que aconteceu com seus pais durante os anos do Khmer Vermelho, em que quantos membros da sua família morreram. Mas depois de ver o filme, ela ficou esclarecida sobre como a experiência deve ter sido.

"Se eu estivesse sob esse regime, eu não estaria viva", concluiu. "Foi miserável. As pessoas foram obrigadas a trabalhar muito e morriam de fome ".

Fonte: Voa