Angelina Jolie pede que mundo não esqueça o Paquistão

Em visita ao Paquistão, a atriz Angelina Jolie, embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), pediu nesta quarta ao mundo que dê mais atenção aos afetados pelas inundações e cobrou melhorias nos mecanismos de emergência para agilizar a entrega de ajuda.

"Temos de proporcionar assistência a todas essas pessoas. Não podemos esquecer os refugiados afegãos do conflito. Não é somente a devastação. Não é apenas a devastação. Essas pessoas foram afetadas várias vezes", declarou a estrela de Hollywood.

Após visitar durante dois dias comunidades de desabrigados no noroeste do Paquistão e em Islamabad, Angelina garantiu nesta quarta-feira a um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros, na sede do Acnur na capital paquistanesa, que nunca vira uma catástrofe desta dimensão e cobrou maior rapidez na entrega da assistência.

"Apesar de toda a cobertura (da mídia), não estamos conseguindo respostas", ressaltou a atriz americana, que lamentou que a proporção de ajuda por pessoa atingida seja "extremamente baixa".

Vestida com trajes típicos do Sul da Ásia - um shalwar kameez cinza e uma dupatta preta cobrindo o seu cabelo -, a atriz se mostrou muito preocupada com a ineficácia da comunidade internacional para reagir diante de crises humanitárias e pediu a busca por novas fórmulas.

"Como comunidade internacional, nossa preparação é muito pequena. O povo está esperando para sua sobrevivência. Tem de haver outra maneira de poder se preparar com antecedência, de ter fundos e ferramentas antes que os desastres ocorram", declarou.

Segundo dados oficiais, o Paquistão arrecadou apenas cerca de US$ 1,1 bilhão para oferecer ajuda imediata aos mais de 21 milhões de desabrigados pelas inundações que, desde o fim de julho, deixaram pelo menos 1.752 mortos, alagaram 20% do território e seguem se alastrando pelo sul do país.

A Argentina aderiu nesta quarta-feira aos esforços de ajuda. O embaixador da nação sul-americana no Paquistão, Rodolfo J. Martin-Saravia, distribuiu 70 mil pastilhas potabilizadoras na cidade de Nowshera, no noroeste, em companhia do ministro de Saúde do país asiático, Makhdoom Shahabuddin.

"O meu Governo não pode permanecer alheio ao sofrimento de tanta gente no Paquistão", disse Saravia, que antecipou que, em breve, mais assistência será entregue em outros locais do país.

A maior parte da ajuda da comunidade internacional, 74%, está canalizada por meio da ONU e de diversas ONGs, mas muitos especialistas atribuem a lenta chegada de doações à falta de confiança nas autoridades paquistanesas.

Para convencer os céticos, Angelina argumentou que a suposta falta de confiança com os Governos não deveria "servir de desculpa" para não dar assistência. Ela fez ainda um apelo para que seja melhor compreendida a realidade do país asiático, sobre o qual "frequentemente se fala de uma maneira muito simplificada".

Questionada pela Agência Efe, Angelina disse estar "aberta" a participar de um filme que mostre "aspectos positivos" sobre o Paquistão em prol de melhorar a imagem do país no exterior, e sugeriu enfoque na generosidade da nação ao acolher milhões de refugiados afegãos em seu território durante mais de três décadas.

A atriz participou da produção "O Preço da Coragem", de 2007, na qual deu vida à esposa do jornalista do "Wall Street Journal" Daniel Pearl, que foi sequestrado e assassinado por um grupo extremista no Paquistão pouco depois do 11 de Setembro.

A nação asiática teve diversos percalços em sua história desde a independência, há 63 anos, com conflitos étnicos, sectários, conturbadas relações com a Índia e um pujante movimento fundamentalista, que constantemente recorre a atentados.

É também um país-chave para a estabilização do Afeganistão, já que os insurgentes talibãs estão presentes em ambos os lados da fronteira afegã-paquistanesa.

Os Estados Unidos têm frequentemente recorrido a ataques com mísseis lançados por aviões não-tripulados a pontos das áreas tribais do oeste do Paquistão, tradicional reduto dos talibãs.

Nesta quarta-feira, pelo menos dez pessoas morreram em dois ataques desse tipo - já foram pelo menos 140 desde 2008 - na demarcação tribal do Waziristão do Norte.

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