Angelina Jolie em conversa com Miyavi sobre sua visita a Bangladesh

Cinco dias antes de Miyavi chegar em Cox's Bazaar, Nurul, de oito anos de idade, e sua família chegaram ao campo de Kutapalong. Eles se juntaram aos 688 mil refugiados que agora chamam o campo de sua casa temporária. Enquanto em Bangladesh, o Embaixador do UNHCR Miyavi, se encontra com Nurul e outras centenas de outros refugiados Rohingya. Eles lhe contaram suas histórias de desespero, esperança e desejo de retornarem para suas casas com segurança.

Nossa Enviada Especial, Angelina Jolie, foi uma feroz defensora das pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas por décadas. Quando ela ouviu que seu amigo Miyavi estava viajando para Bangladesh, ela queria saber de suas perspectivas sobre as pessoas que compõem o maior assentamento de refugiados do planeta. Alguns anos antes, Angelina dirigiu e produziu um video musical da música "The Others" de Miyavi, lançamos em 2016. O vídeo mostra refugiados de todo o mundo, incluindo imagens da primeiro visita de campo de Miyavi com o UNHCR.

Aqui está a conversa completa:

Angelina: Quando eu visito refugiados, eu sempre sinto que gostaria de poder oferecer mais do que simplesmente falar e ajudar a comunicar suas necessidades. Eu vi a reação quando você foi capaz de compartilhar sua música. É importante não apenas por causa de como a música pode espalhar alegria ou elevar, mas porque tantos músicos estão dentro das massas. Eles foram arrancados do que amam e se concentram apenas na sobrevivência básica. Eu acredito, como tenho certeza de que você faz essa expressão criativa como uma ferramenta de sobrevivência. É uma parte essencial da vida. Quais foram suas experiências compartilhando música nessa visita?

Miyavi: Antes de tudo, fiquei assustado quando visitei pela primeira vez um assentamento de refugiados no Líbano depois de ter me inspirado por você. Eu não tinha conhecimento, experiência, e até determinação como você naquele momento. Mas no momento que toquei o violão, vi o brilho nos olhos das crianças. As crianças ficaram loucas e fiquei maravilhado com a energia deles. A imagem que a palavra "refugiado" evoca - algo escuro, sem esperança, um fardo, pessoas sempre olhando para baixo - desapareceu totalmente. Eles estão vivos. Especialmente crianças, seus olhos não estão mortos. Eles são ainda mais brilhantes e fortes do que os nossos. Então eu percebi que poderia haver algo que eu pudesse fazer com minha música. Mais uma vez, não posso proteger pessoas em campos de batalha que enfrentam pessoas que têm armas. Mas talvez eu possa mudar a forma como as pessoas pensam através da música. A música não pode mudar o mundo imediatamente, mas pode mudar e inspirar as pessoas e essas pessoas podem mudar o mundo. Então, essa é uma das minhas missões como músico agora.

Angelina: Conheço bem suas filhas. Eu imagino que você conheceu meninas da idade de suas filhas. Quem você conheceu? Sendo um pai, imagino que não é difícil se simpatizar com os muitos pais presentes nos campos, que são incapazes de dar aos seus filhos o que eles precisam atualmente?

Miyavi: Muitas crianças inocentes não estão recebendo educação suficiente. Durante uma emergência, a comida, a água, a saúde são o que elas mais precisam, e depois disso, a educação é uma das coisas mais importantes e é o que a maioria dos pais estão preocupados, eu acredito. No Líbano, quando toquei guitarra em um acampamento, deixei as crianças tocarem as cordas enquanto eu estava tocando acordes com a mão esquerda. Enquanto as crianças estavam se alinhando ao meu redor, algumas começaram a brigar entre si. Primeira briga. Isso parecia bastante serio para mim, então eu estava preocupado e pedi aos refugiados adultos que estavam presenciando a cena, ajudar e ver se estava tudo bem. Então eles disseram que são apenas crianças lutando. Sim, são apenas crianças brigando. Mas, se eles não recebem a educação certa, especialmente para aprender a importância de compartilhar coisas com os outros, como cooperar, aceitar diferenças e se respeitarem, isso pode causar mais conflitos no futuro.

Angelina: Você conheceu os pais? Qual foi a mensagem deles para você?

Miyavi: Conheci famílias que tinham acabado de chegar há alguns dias atrás. Abul, 30, um pai de 3 crianças bonitas disse que tinham que pagar 100.000 kyat e os contrabandistas pegaram suas malas e todo o dinheiro que tinham quando chegaram. Sua esposa, Hamida, 30, nos disse: "decidimos vir aqui para salvar nossas vidas e a vida de nossos filhos". É quase impossível de imaginar, mas eu faria o mesmo se acontecesse conosco. Eu faria QUALQUER COISA para proteger minha família com certeza.

Angelina: Você poderia imaginar sua família nesta situação?

Miyavi: Não. Mas precisamos. Aqueles que são chamados de refugiados, são pessoas como nós. Eles tinham uma casa para voltar, uma ocupação de que se orgulhavam e um sonho. A paz não é algo que podemos dar como certo. Se não podemos parar essa crise, isso pode nos alcançar no futuro próximo. É por isso que eu sinto que é realmente importante lidar com isso como uma questão global. Não só local, mas global, é o que todos precisam neste mundo e perceber que, se não o fizermos, isso algum dia acabará por voltar para nos perseguir.

Angelina: Conheci os refugiados Rohingya quando eu estava na Índia 11 anos atrás. Eles sentem que o mundo está finalmente ciente de suas situações ou que agora perderam tudo? Qual é a discussão disso no campo? As famílias sentem que foram abandonadas?

Miyavi: Essas pessoas não tem ideia do que está acontecendo fora de sua comunidade, pois, basicamente, eu acho que não há acesso ao exterior. Mas sim, tenho certeza de que eles sentem que estão isolados do mundo. Não há acesso ao trabalho, voto, até mesmo sair do assentamento legalmente. Sem identidades. Eles são como pássaros em gaiolas.

Angelina: Você já visitou refugiados em outras áreas (Tailândia, Líbano). Como essas experiências se comparam com as que você encontrou em Bangladesh? É o maior assentamento de refugiados do mundo. O que as pessoas mais precisam?

Miyavi: Fiquei impressionado pela escala no primeiro momento. Mas, ao mesmo tempo, sinceramente sentiram que agora são protegidos pelo UNHCR, outras agências, grupos de ONGs e também o governo de Bangladesh. Essa é uma das grandes coisas que eu vi desta vez.

Angelina: Você deve ter imagens gravadas em sua mente das pessoas que você conheceu. Qual é a história que mais se destaca?

Miyavi: Conheci um cavalheiro que fugiu para Bangladesh duas vezes. Ele chegou a Bangladesh em 1992 e voltou para Myanmar em 1995. E agora ele está de volta depois de 20 anos. Também ouvi outras histórias, como alguém que chegou a Bangladesh três vezes desde a década de 1970. Além disso, para começar, eles eram pessoas em uma situação apátrida. O que me impressionou foi que, apesar de terem passado por experiências horríveis, como ter suas casas queimadas, membros da família mortos na frente deles, e ficarem completamente traumatizados, no entanto, eles ainda desejam voltar para casa. Isso arruinou meu coração brutalmente. Eles podem até ver seu país a partir daqui. Está perto, como você pode ver, mas é realmente muito longe.

Angelina: Que mensagem você recebeu das crianças que conheceu?

Miyavi: Esperança. Seus olhos não estão mortos. E é isso que precisamos proteger. Eles são os que vão fazer o nosso futuro. Somos responsáveis ​​por transmitir um caminho certo para eles, um ambiente e educação como uma ideia de união.

Angelina: Como viajar para encontrar refugiados mudou sua perspectiva?

Miyavi: Mais determinação e responsabilidade. Obrigado por esta oportunidade e missão. Eu prometo fazer o meu melhor para fazer as coisas acontecerem.

Fonte: Medium

Comentários

bap disse…

白木
@HanMu604

【New】#AngelinaJolie for @ParisMatch
5:24 AM - Feb 9, 2018

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Thanks bap, I already downloaded this magazine and I already posted the photo on facebook, the text of the interview I did not like much, I chose not to translate.
Mariângela disse…
Não conhecia. È homem ou mulher??
É um homem, que trabalhou no filme Unbroken que ela dirigiu.