[Atualizada] Entrevista completa e Scans da revista EW com Angelina Jolie

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perversa e adorável

Cuidado com as pessoas sem amor. A maioria dos vilões, quando você os encontra na vida real, nasceram da dor, e foram jogados de volta no mundo para não se afogarem nela. Alguns são sociopatas sem coração, e alguns são apenas loucos porque não conseguiram um convite para o batizado. Adicione Malévola, personagem da Disney, nesta última categoria.

Com toda a magia bombástica que possui em seus dedos finos de navalha, o que realmente fez seus chifres torcerem, na animação de 1959 “A Bela Adormecida”, bem como nas encarnações anteriores do conto de fadas, foi o fato dela não ser bem vinda ao batizado da filha recém-nascida do rei, a Princesa Aurora. Mas ela apareceu de qualquer maneira, na companhia de seu corvo de estimação: uma perversa fada madrinha, furiosa o suficiente para amaldiçoar um bebê. Para uma motivação monstruosa, ela é um tanto pequena. O crédito por esse duradoura trabalho, e principalmente, o elegante design é dado ao falecido Marc Davis um dos nove animadores originais da Disney (que deram vida também a outros trabalhos como a figura da Sininho, da Cinderela e da Cruella De Vil) e à atriz Eleanor Audley (que emprestou sua voz para a madrasta da Cinderela). Acrescente o fato, ainda, de que Malévola se transforma em um legítimo e feroz dragão que solta um fogo verde.

A evolução da história, nunca é completa, e no dia 30 de Maio ( 29 aqui no Brasil ), uma nova versão da história de A Bela Adormecida, intitulada simplesmente de “Maleficent” com Angelina Jolie no papel titulo, classificação PG e um orçamento de 200 milhões de dólares, irá preencher os espaços em branco com relação à Rainha de Todo o Mal, com olhos amarelos e um sorriso cor de rubi. “Nós tentamos criar camadas sobre esta personagem que você nunca imaginou existir”, disse o estreante na direção Robert Stromberg, vencedor do Oscar como designer de produção dos filmes “Avatar” de James Cameron e “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton. “Tudo se resume em enxergar o outro lado, uma vez que você se torna sombrio o quão difícil é conseguir ver a luz novamente”. E como estrela, ele tem Jolie, de 38 anos, que talvez seja a melhor vilã desde quando Danny DeVito interpretou o Pinguim (só que um pouco mais sexy). Enquanto editava “Unbroken”, filme que contará a verdadeira história de um herói da Segunda Guerra Mundial, no qual ela dirigiu, Jolie conversou com a Entertainment Weekly em um almoço dentro dos Estúdios Universal.

Quando saiu a notícia de que você iria interpretar Malévola, muitas pessoas disseram, ‘Oh, ela é perfeita para o papel!’ Você recebeu isso como um elogio ou um insulto?

(Risos) É realmente engraçado quando as pessoas dizem que você é de uma forma óbvia, perfeita para interpretar uma grande vilã. Ela sempre foi minha favorita, desde que eu era pequena. Eu tinha medo dela, mas ao mesmo tempo, me sentia atraída. Eu a adorava. Houve até uma conversa sobre isso antes mesmo de eu fazer parte do projeto. Eu recebi um telefonema do meu irmão dizendo: “Você tem que colocar seu nome na lista para este papel!”

Você estava como, "Nossa, muito obrigado?" Ou será que você viu isso também?

O que é interessante sobre ela é que o que eu penso sobre ela, é o que eu acho que todo mundo pensa, mais que na verdade ela não é tudo aquilo que você imagina que seja.

Mas ela é tão cruel.

Ela tem uma escuridão. E como fazer um filme sobre alguém que amaldiçoa um bebê e torná-lo rentável? É como se fosse à pior coisa que você pudesse fazer. Mas eu achei que o script de Linda Woolverton tem uma imensa compreensão. Nós tivemos que pensar não como poderíamos nos divertir com uma vilã, mas o que transforma as pessoas boas em más, agressivas e cruéis? O que poderia ter acontecido com ela? Ela teria ficado brava somente porque não recebeu o convite?

Sem estragar nada, mais não é uma traição no começo da vida dela, quando ela se envolve com o pai da Aurora [Sharlto Copley]? Então, quando você diz que ela é compreensível, estamos destinados a ter simpatia por esse demônio?

Acho que o que se espera fazer é um filme com temas que são sofisticados o suficiente para os adultos, mas também algo que as crianças possam assistir, eles podem aprender e abraçar a ideia sobre ser uma guerreira, sobre ser abusada, sobre quem você deve proteger, porque há um outro lado nela. Eu estava lendo, e eu realmente tive momentos em que me emocionei e que foi realmente surpreendente para mim. É sobre a luta que as pessoas têm com sua própria humanidade e é isso que as vezes destrói e nos faz morrer por dentro.

Você tem seis crianças em casa. O que elas pensaram de sua mãe como vilã?

Eu disse para eles que estava interpretando a Malévola, e eles disseram, ‘Ela é tão assustadora!’ e eu disse, ‘Deixa-me lhes contar a história real, mas vocês não podem contar a ninguém’. E eu os coloquei em um quarto e contei a eles a história do filme. Isso também foi um teste para mim, assim como para quaisquer pais. No dia seguinte, eu ouvi Shiloh começar uma brigar com um garoto, defendendo Malévola dizendo: ‘Você não a entende!’ Eles entraram em uma discussão com argumentos interessantes e foi então que pensei, essa é a razão para fazer este filme. Não se trata apenas de algo que nunca foi mostrado, mas sim do fato de que existe injustiça no mundo. E as crianças não gostam de injustiças. Elas querem que a personagem, na qual acreditam se levante e lute. E quando esta personagem comete erros, e Malévola o faz, e passa dos limites, você quer que as crianças fiquem bravas com ela, você quer que elas fiquem preocupadas e confusas, mas no final, de alguma forma, você quer que elas entendam algo que não tinham conhecimento antes.

Entretenimento para crianças raramente tem muitas nuances. Normalmente, os personagens são bons ou maus. E as crianças têm falado desde sempre que ela é pura maldade. E ela é má, mas não é só isso que ela é, e não é justo que a história dela seja deixada de lado. Para as crianças, será como desvendar um mistério, desembrulhar um presente, descobrir o que realmente aconteceu. É uma descoberta divertida.

Qual a sensação de estar na pele dela?

Malévola sempre foi elegante. Ela sempre esteve no controle. E interpretá-la foi difícil. Eu trabalhei muito minha voz. Ela é muito melhor que eu. Ela está em um nível de atuação diferente do que eu já fiz. Ela é muito firme. Ela tem muita confiança em si mesma, mas eu não estava conseguindo desenvolver a voz dela. Eu fiquei brincando com diferentes tipos de sotaques britânicos, fazendo minha voz mais sombria e assustadora.

Como é que você finalmente encontrou a voz certa?

Quando estava dando banho nas crianças, eu comecei a criar outras histórias sobre Malévola, e eles não estavam realmente prestando atenção em mim, como as crianças costumam fazer, até que eu comecei a brincar com minha voz com certa sonoridade.

Soa um pouco como Mary Poppins.

Ela virou algo muito, muito sombrio, mas ainda tinha alguma doçura. Meus filhos começaram a rir, e foi assim que eu ensaiei minhas cenas. Eu fazia isso enquanto eles achavam engraçado ou enquanto ficavam sorrindo, porque com ela você precisa fazer isso e continuar. Então foi algo muito divertido, e também realmente libertador como artista fazer algo completamente louco.

No filme de animação, a Malévola amaldiçoa a Princesa Aurora dizendo que ela vai pica seu dedo no fuso de uma roca e morrerá. Mas na versão do filme, ela diz que irá picar o dedo e cairá em um sono profundo como a morte. Por que a mudança?

Na verdade é mais malvado. É difícil de explicar. Antes era uma fada boa que dizia que ela poderia acordar com um beijo de verdadeiro amor. Agora sou eu. Eles me deram essa fala porque ela acha que encontrar o amor é uma besteira ridícula e absurda. Então, é como se fosse uma maldição em cima de outra maldição. Ela tem muita raiva. Ela possui um coração muito negro cheio de maldade quando se trata do amor verdadeiro nessa cena.

Elle Fanning interpreta Aurora adolescente. Você e ela possuem aparências exóticas semelhantes, apesar dela parecer mais etérea e iluminada e você projetar esta ferocidade sensual intimidante.

Eu tomarei isso como um grande elogio. Eu a acho mágica. Você não consegue tirar os olhos dela quando está na tela. Eu gosto de pensar que eu sou uma pessoa calma e doce. Tenho tendência a ser muito brincalhona em casa, com meus filhos, mas na vida, nós temos que lutar em nossas batalhas. Batalhas profissionais, políticas, pessoais e nos manter focados. Eu tento ser uma pessoa bem privada em meu espaço, não de forma alguma tentando ser rude, é assim que percorro meu caminho na vida. Quando estou fora de casa eu posso ser um pouco séria. Na primeira vez que Elle e eu nos conhecemos, ela correu pelo corredor, me abraçou e pulou em mim. Mais tarde nós brincamos que aquilo era algo como ser atacada por milhares de lindos coelhinhos fofinhos.

E como você reagiu?

Eu fiquei congelada. Nunca tive alguém que me visse dessa maneira. Quando ela me viu, viu uma mãe, uma amiga, uma garota, e ela apenas quis ser a outra garota. Ela é cheia de amor, felicidade, alegria, confiança e doçura, quando eu tinha a idade dela, eu era completamente o oposto. Eu era muito fechada nessa idade.

Sua filha Vivienne interpreta a versão criança da Aurora. Como isso aconteceu?

Nós achamos que é mais divertido para os nossos filhos, fazer participações especiais nos filmes e se juntar a nós nos sets, mas não para se tornarem atores. Esse não é nosso objetivo, tanto para mim como para Brad. Eu acho que nós dois preferimos que eles não se tornem atores. Mas ela tinha 4 anos na época e as outras crianças, de 3 e 4 anos que foram selecionadas para interpretar alguns papéis no filme, não chegavam perto de mim. As crianças mais velhas me achavam legal, mas as pequenas realmente não gostavam de mim. E nós precisávamos de uma criança que gostasse de mim e que não tivesse medo dos meus chifres, dos meus olhos e garras. Então, teve que ser a Vivi.

Como foi assustar as outras crianças? Foi divertido?

Eu tenho uma amiga que levou seus filhos ao set e quando me encontrei com as crianças elas congelaram e gritaram tanto que eu tive que ir esperar no meu trailer. Quando meu filho Pax me viu pela primeira vez, ele fugiu e ficou chateado, eu pensei que ele estava brincando, então fingi persegui-lo, até que realmente o encontrei chorando. Tive que tirar pedaços da maquiagem na frente dele para mostrar que era tudo falso e não assustá-lo tanto.

Que parte mais incomodou as crianças?

O amarelo dos olhos que são o mais assustador, e os chifres. E eu tenho dentes pontudos na parte de trás. E há também o fato de usar salto, juntando com os chifres, eu fiquei muito alta.

Seu rosto também está fisicamente diferente no filme. Eles aprimorado suas características.

As maçãs do rosto eram coladas todas as manhãs e o nariz é diferente. Ela tem um nariz mais forte do que o meu, mas é sutil. Queríamos tirar as coisas que eram mais suaves no meu rosto. No filme ela tem olhos verde, amarelo e azul, e essas são cores extremamente diferentes dos meus olhos.

Como foi carregar aqueles enormes chifres em sua cabeça?

Foi muito engraçado, porque eu ficava batendo eles nas coisas, a sensação foi muito estranha.

Eu amo quando você é desajeitada!

[Risos] Eles eram, na verdade pesados. Mais tinha outros mais leves, daqueles que você pode montar cavalos, porque se você cair com alguma coisa pesada ligado à sua cabeça, pode quebrar seu pescoço. Havia chifres mais leves para as cenas de lutas. Os mais complicados eram aqueles magnéticos, por serem mais pesados, mais eu realmente podia prendê-los e andar tranquilamente, só que depois eu fiquei parecida com um urso. E não foi muito legal.

Então você se sacrificou um pouco para ter conforto.

Sim, porque eles eram pesados, mais fáceis de tirar para que eu pudesse almoçar e dar ao meu pescoço um descanso. Quando não estava com os magnéticos, eu quase sempre batia em alguma coisa. Não é apenas porque eu estava mais alta na parte de cima, eu também estava com saltos de cinco polegadas assim eu fiquei realmente alta. Eu estava um pouco fora de sintonia. Definitivamente, levei um tempo para me tornar graciosa com eles.

Dois de seus filhos aparecem na cena do batismo, certo?

Sim, eles estavam com seus professores. A ideia foi de que no dia do batizado era pra ter príncipes e princesas de todo o mundo, por isso haveria pessoas de todas as raças, e crenças. Pax e sua professora, que é vietnamita, eram o príncipe e a rainha vietnamitas e Zahara e sua professora eram a rainha e a princesa Africana. Eu amo muito essa cena do batismo e é claro que já assisti ao filme de animação em casa com minha família. Eu tive que caminhar por eles e ser muito malvada. Mais claro que eu queria parar e piscar para eles.

Brad gostou da fantasia?

Eu não sei! Você sabe, eu nunca perguntei a ele. Ele a acha legal. Eu amei ser ela. Mais fiquei muito triste por ter colocado minha equipe pra baixo, então coloquei meus chifres bem longe porque de alguma forma, ela vive em um mundo diferente. Eu tive que levar o meu pessoal lá pra casa para ensaiar a caminhada vestida com minha capa, e então eu fui lá fora e gritei com os arbustos para expandir e brincar com minha voz. E foi algo como, mamãe está um pouco doida hoje.

Você também é produtora do filme, o que formam aquelas refilmagens que fizeram, onde John Lee Hancock roteirista de Um Sonho Possível foi contratado para reescrever algumas cenas?

Eu não estava nas partes que foram refilmadas. Eu estava fora me preparando para Unbroken. Basicamente, eles queriam se certificar de que a historia estava sendo contada da forma correta com determinados personagens. Mas não foi nada com a versão adulta de Malévola porque eu simplesmente não poderia estar lá. Mas minha parte era bem simples, só que havia um monte de outros personagens, e tínhamos que explicar bem suas historias.

Você sempre fica surpresa quando vê o filme já pronto, com todos aqueles efeitos visuais?

Eu tive que ir dar uma olhada na parte que ela usa magia, é uma coisa engraçada, porque metade do filme ela a usa, e não é algo que eu faço. É algo que alguém acrescentou dentro de um estúdio, e isso é um pouco frustrante. Eu tive que ir falar com alguém sobre isso, porque algumas coisas eu não entendia. 'Por que você decidiu que tem que parecer com pó de pirlimpimpim? Quando é que a nevoa verde aparece? Ou, eu pretendia fazer assim, porque isso deve sair de dentro de mim dessa maneira. ' Quando é que os feitiços começam, você sabe? Porque para mim, só começa quando eu estou gritando, a magia pode ser invisível antes de eu começar a gritar?

Fico imaginando o que o filme diz sobre a difamação sofrida por essa personagem. Você sabe o pensamento padrão é, se um cara é mau, ele é um machão; se uma mulher é má, ela é uma vadia. Isso faz parte da história de Malévola? Isso tem alguma lógica para você?

Eu não pensei sobre isso dessa forma, mas eu acho que as pessoas podem ler certas coisas e eu acho que há algo em mim que, gostaria de ser mais suave como sou em casa com meus filhos, pela manhã ou durante o dia. Eu gostaria de não ser desafiada a ponto de precisar ser dura, forte e batalhadora. Eu gostaria de não ser colocada em situações nas quais eu tenho que ser feia e má. Minha mãe (Marcheline Bertrand, que faleceu em 2007) era uma mulher muito feminina e muito suave, mas eu sempre fui consciente sobre quando iriam acontecer brigas com meu pai (Jon Voight). Ela não parava de pensar que precisava ser firme para saber lidar com a vida, e eu não parava de dizer que não queria que ela fizesse isso, eu preferia ser dura e brigar. Mas foi muito importante que ela se manteve sempre gentil, delicada, aberta e doce porque é uma coisa horrível quando o mundo te endurece.

Parece que foi difícil pra você por um tempo. Você disse anteriormente que quando você era jovem, você era mais sombria, mais introvertida.

Sim, eu fui dura. Eu era dura.

O que você acha que a fez mudar?

Quando fiquei mais velha

É.

Hum... Bem, eu comecei a viajar e a sair de mim mesma e comecei a ver como as outras pessoas lutavam no mundo.

Você disse isso em seu discurso no Governors Awards, quando recebeu o Prêmio Humanitário Jean Hersholt.

Isso, e ter filhos. No momento em que você tem um filho, em um instante, a sua vida não é mais para você, ela passa a ser 100% dedicada a outro ser humano, eles sempre vem em primeiro lugar. Eles mudam você para sempre. Eu fico desanimada com um monte de coisas, mas eu acordei hoje de manhã para os meus filhos, e nós conversamos, rimos, brincamos e eu fiquei iluminada novamente, eu me tornei criança novamente, eu sou amorosa, gentil e suave novamente porque eles trouxeram isso de volta para minha vida.

Sua Malévola gosta de ser má e sombria?

Eu acho que você chega a um ponto em que pensa, ‘Por favor, não me deixe com raiva, por favor, me deixe ser eu mesma, me deixe em paz, sozinha’. E você passa por um período, na qual todos nós passamos como pessoa, de sentir dor, de se sentir magoada, julgada e atacada. E então depois vem aquele momento de: Bem, se você vai me chamar de má, então eu vou ser má, e veja o quão má eu posso ser.

Eleva seu ego.

Claro, já que decidiram que é assim que sou, então eu serei assim e lhe tratarei dessa forma, porque essa é a única coisa que eu sei como fazer. E isso é o que acontece no batismo, ela simplesmente faz aquilo que ela se tornou.

Assim como outros artistas, você começa a ser alvo de muitas críticas. Pela escolhas que faz, os relacionamentos que tem, o jeito que você olha quando está no tapete vermelho. Há uma espécie de cultura de ódio lá fora. A mídia faz das celebridades às queridinhas do publico, e depois a detonam. Você se identifica com isso? Isso faz parte de Malévola, também?

Você sabe, eu estou neste negócio há muito tempo e eu gosto do carinho das pessoas e amo meu trabalho, mas eu também estou muito, muito feliz por estar em casa com os meus filhos e eu desejo o bem a todo mundo, então eu realmente não presto atenção nisso. Eu não sei nada sobre essas coisas, eu nunca li sobre isso, então eu realmente não sei, eu só acho que se você tiver boas intenções, você passa por tudo. Se cada escolha que você faz é honesta, você está segura e nada que digam sobre você pode te derrubar ou mudar sua opinião. Isso não me abala, porque eu sei porque eu faço as coisas que eu faço e eu sei que vêm de um lugar bom e que as pessoas podem me julgar da forma que quiserem. Mas eu sei que vou continuar a fazer o melhor que posso e ser o melhor que posso.

Há uma parte da nossa sociedade que só gosta de odiar, nós gostamos de fazer as pessoas de vilãs.

Isso me faz lembrar como as pessoas se comportam na escola. Uma vez que nós crescemos e percebemos o quão humanos somos, o quão semelhantes todos são e como individualmente falhos somos, não há tempo para isso sabe? Existe um ódio real nesse mundo. Uma violência real, uma desumanidade real. Eu irei para o Líbano amanhã, para visitar a fronteira com a Síria, e quando você vê esse tipo de sofrimento, quando isso realmente existe, não temos tempo para certas coisas como ódio e julgamento mesquinho. Porque já existem crueldade e feiura o bastante nesse mundo. Nós precisamos tentar proteger e sermos melhores para os outros.

Vamos falar agora sobre algo bom que você fez. Há exatamente um ano atrás, você estava prestes a se submeter a uma dupla mastectomia, após testes determinarem que você era geneticamente propensa a desenvolver câncer de mama. Primeiro de tudo, eu gostaria de saber, como você está hoje?

Estou ótima.

Bem? Você está 100%?

Sim, Estou muito feliz por ter tomado essa decisão. Tive muita sorte de ter grandes médicos, e muito, muito feliz por ter tido uma boa recuperação, e ter um projeto como “Unbroken” no qual eu pudesse ficar realmente focada, e pelo qual eu precisasse ficar saudável, para ser capaz de poder voltar rapidamente ao trabalho.

Você poderia ter mantido sua decisão em segredo. Mas você escreveu um artigo para o The New York Times inspirando outras mulheres a fazer o teste. Que tipo de reação você teve com isso?

Eu me senti muito, muito próxima das outras mulheres, e de mulheres que estavam passando pelas mesmas situações. Onde quer que eu vá sempre acabo ficando próxima de mulheres e nós conversamos sobre problemas de saúde, assuntos femininos, sobre câncer de mama e de ovário. Eu também conversei com homens a respeito da saúde de suas filhas e de suas mulheres. Isto faz com que eu me sinta mais próxima das pessoas que passaram pelas mesmas situações, que também perderam familiares, que estão considerando fazer cirurgias ou que estão preocupadas com seus filhos.

Você falou sobre coisas muito íntimas. Na parte que você disse: "Em uma nota pessoal, eu não me sinto menos mulher. Eu me sinto consciente de que fiz uma escolha forte que não diminui em nada a minha feminilidade. "Isso é algo que as pacientes certamente pensam, sobre quando tomar essas decisões, mas nem sempre é fácil falar.

Claro, eu queria. A razão pela qual eu escrevi o artigo foi para tentar me comunicar e ajudar outras mulheres e famílias que estão passando pelas mesmas coisas. Eu fiquei muito emocionada com todo o apoio e carinho que recebi de tantas pessoas.

Falar sobre isso com você, faz com que você fique um pouco envergonhada, não é?

(Riso) Sim, um pouco.

Eu imagino que você deva receber cartas.

Eu recebo, e são lindas e adoráveis.

A reação foi útil para você pessoalmente?

Ainda existe outra cirurgia, a qual eu não fiz. (Jolie também é geneticamente propensa a desenvolver câncer de ovário, doença que levou a vida de sua mãe, quando ela tinha 56 anos). E você sabe, eu recebi conselhos de todas essas pessoas maravilhosas com quem conversei, para assim conseguir dar o próximo passo.

Então você fez isso para apoiá-las, e elas são um suporte para você também, porque você ainda está enfrentando suas decisões.

Sim, claro!

Eu acho que há um monte de maneiras, cada um de nós pode fazer pequenas diferenças positivas na vida das pessoas, mas é raro ter a chance de sair e fazer alguma coisa em grande escala que um monte de gente possa ver e que mude vidas. Talvez as salve.

Sim, cada um de nós tem algo de bom.

Eu acho que compartilhar sua história do jeito que você fez foi muito legal. É o mais próximo que temos na vida real da magia, sabe? Então, bom trabalho.

[Risos] Obrigada.

Você dirigiu “Unbroken”, que conta a história de Louis Zamperini, um ex-atleta Olímpico que lutou na Segunda Guerra Mundial. Ele caiu de avião no Oceano Pacífico após um acidente, e ficou perdido no Oceano a deriva em um bote salva-vidas durante muitos dias e depois foi preso em um campo de concentração. A história é inspiradora e quase inacreditável, mas é verdade.

Eu sou atraída por pessoas fortes, batalhadoras, guerreiras. E pela força de vontade. Eu não sei como alguém pode não se atrair pela história deste homem. Existem muitas pessoas diferentes que se identificaram com alguma coisa de bom na história de vida dele, como fé, perdão, resiliência, atletismo, heroísmo puro, ou pessoas que tiveram problemas na juventude e que não sabiam que valiam alguma coisa, sabe?

Antes de você assinar para dirigir Unbroken, havia vários boatos que circularam na mídia de que você iria dirigir 50 tons de Cinza. Isso acabou por não ser verdade, mas o quão perto isso realmente chegou a acontecer?

Foi por pouco - [Ela ri, balança a cabeça por um longo tempo e depois fica totalmente vermelha]

Há uma história aqui! Eu posso ver você quase querendo contá-la. Faça isso!

[Risos] Eu deixei bem claro que após sangue e mel, se eu voltasse a dirigir novamente, teria que ser um certo tipo especifico de filme. Você sabe, eu estou ansiosa para ver o que Sam Taylor-Johnson fez com 50 Tons de Cinza, ela é incrível. É engraçado, eu acho que em relação a dirigir filmes, você pensa: Eu sou melhor em contar certos tipos de histórias do que outras, mas quem sabe?

Os dois filmes que você dirigiu Unbroken e Na Terra de Amor o Ódio são bem fortes.

Eu também acho. Os filmes que dirigi, são histórias reais ou baseados em histórias reais, e você tem que ter muita responsabilidade, você tem que ser muito cuidadosa ao equilibrar isso. Um dia, será divertido dirigir algo no qual eu não precise ser tão cuidadosa assim. Na qual eu poderei ser completamente, hum… corajosa, selvagem, irreverente e sombria.

É bom ver que você ainda tem esse seu lado caso precise dele.

Eu sei!

Comentários

Anônimo disse…
Ela recebe cartas de fãs???
Anônimo disse…
Ela recebe cartas mesmo, agora como podemos mandar cartas para ela? Alguém sabe algum endereço?
Talvez seja pela ONU, a fundação de Brad Make it Right, estúdio da Universal. Precisamos mandar carta para ela.
Ela recebe cartas sim, mais não especificou de que forma essas cartas chegam até ela, eu não conheço o endereço dela, só sei que é em um condomínio que fica no bairro de Los Feliz em Los Angeles.
Anônimo disse…
http://makeitright.org/

Esse e o site da fundação de Brad, talvez tenha algum endereço por lá.

Já e um começo temos o bairro.

Mas acho que as cartas também chegam pelas fundações que ela como a KIND ( com a Microsoft)
Anônimo disse…
Gostei demais da parte que estão falando de 50 tons de cinza, Angie ficou toda envergonhada, provavelmente já leu o livro. Mas também imagina ela dirigindo esse filme, seria legal, mas está em boas mãos agora como ela diz.