Angelina Jolie: Em primeiro lugar sou mãe, depois cidadã do mundo

A atriz interpreta “Maleficent da Disney”. Um papel oposto ao que exerce como ativista humanitária.

Por definição, as bruxas têm sido vistas sempre como cruéis e feias. Então veio a inegável beleza de Angelina Jolie para mudar o clichê envolto na pele de Malévola, que amaldiçoa a princesa Aurora. Pela primeira vez, Hollywood passa o bastão para o vilão em um filme contar sua outra versão da história, imaginado pelos Irmãos Grimm, a Disney a tornou um de seus personagens de animação mais sinistros. É difícil dizer se “Malévola” vai ser um grande filme (para crianças e adultos, de acordo com a própria Angelina), já que que os estúdios não mostraram ele à imprensa. Mas, independente da sua qualidade, o próprio longa tem despertado a curiosidade dos fãs da atriz, que atuou junto com sua filha Vivienne.

"Não foi intencional. Todas as outras garotas pequenas de quatro anos tinham medo de me ver, portanto, não tínhamos escolha senão tentar com minha filha. Para ela, apesar dos chifres e da maquiagem, eu ainda era sua mãezinha, então foi assim que ela acabou sendo a princesa quando criança. O difícil foi convencê-la a parar quieta, se concentrar e atuar , e para mim foi um exercício complicado dizer isso a ela, mas a experiência foi muito divertida. "

A voz suave de Angelina que vem através do telefone a partir de uma sala de edição, em Los Angeles, onde ela está montando “Unbroken” seu segundo filme como diretora, Anos-luz de Maleficent, que só concordou em dirigir por ser algo "totalmente diferente do que eu já tinha feito", pois trata-se de blockbuster cheio de efeitos especiais com a atriz, diretora e ativista humanitária que se tornou a primeira mulheres a assumir a direção de um filme de grande orçamento; acima até mesmo da única diretora premiada com o Oscar, Katheryn Bigelow. "Foi muito difícil convencer os produtores de que eu poderia dirigir este filme", explica ela, cujo roteiro é assinado pelos irmãos Coen e é baseado na vida do ex-atleta olímpico Louis Zamperini, que depois de participar nos Jogos Olímpicos de Berlim, se tornou prisioneiro dos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, mas sobreviveu para contar sua historia em uma autobiografia de sucesso.

Foi ela quem se ofereceu para dirigir, apesar de sua única experiência além do documentário “A Place in Time”, foi In the Land of Blood and Honey, um filme independente escrito e auto-financiado por ela mesmo sobre a guerra dos Bálcãs, algo bem distante do projeto Hollywoodiano Unbroken. "As experiências anteriores ajudaram a me preparar para esse aqui. Em meu primeiro filme eu estava muito nervosas, então você se contenta com quase tudo. Agora sei quais batalhas vale a pena lutar e quais não, isso me tornou muito mais objetiva".

A guerra é um tema recorrente em seus filmes. Dois anos atrás, em um encontro anterior com Jolie, ela disse que estava escrevendo um roteiro sobre a guerra do Afeganistão, é uma história centrada nas mulheres, mas eu não acho que neste momento serve para ajudar em alguma coisa, então eu ainda não mostrei a ninguém.

Ajudar. Esse parece ser o verbo que move a vida da atriz mais bem paga de Hollywood, que prefere ser manchete em jornais como o The New York Times, onde revelou ter feito uma dupla mastectomia preventiva, ou The Wall Street Journal, falando sobre os problemas dos refugiados sírios, em fez de contar seus segredos de beleza em revistas de fofocas.

 Desde que viajou ao Camboja para filmar Lara Croft: Tomb Raider e conheceu as desigualdades sociais do mundo, que as energias desta atriz que ganhou um Oscar aos 24 anos por Garota interrompida se voltaram para o trabalho humanitário. De 2001 a 2012, trabalhou como Embaixadora da Boa Vontade para os Refugiados das Nações Unidas, um trabalho que muitas vezes a levou para áreas de conflito muito diferente do glamour de Hollywood. "Eu sou antes de mais nada mãe, e em seguida uma cidadã do mundo. Ser atriz é uma oportunidade estranha e maravilhosa, mas não vivo no paraíso. Minha família e meu trabalho para a ONU são essenciais. Levanto cedo, dou um beijo em meus filhos, leio notícias e depois vou para o trabalho. Você pode se divertir sendo atriz, e é bom fazer filmes, mas é algo que não se pode levar tão a sério a ponto de pensar que é mais importante do que realmente é, do que outras coisas. "

Conhecer a experiência traumática de estupro de mulheres durante a guerra da Bósnia nos Bálcãs foi o que a levou a escrever e dirigir In the Land of Blood and Honey, elogiado por sua crueldade e realismo. E agora, depois de anos lutando para educar o mundo sobre a necessidade de acabar com a violência sexual contra as mulheres em guerra, Jolie conseguiu capturar a atenção da comunidade internacional através de sua parcerias com William Hague, o ministro de Relações Exterior britânico, que tem organizada para Junho em Londres uma Cúpula global para acabar com a Violência Sexual em Conflitos. A julgar por sua exclamação de alegria, quando questionado sobre esta questão, parece claro que você está muito mais interessada do que em fazer filmes. "É difícil entender por que levou tanto tempo para tomarem uma atitude. Mas eu estou feliz porque acho que encontrei um aliado político que compreendeu que isso não é apenas um problema das mulheres. A violência sexual é um problema de todo o mundo, e portanto é necessário trabalhar em conjunto em todas as frentes, para em fim combatermos tais atos".

Fonte: El País

PS: Sobre quais quer erros de tradução, por favor avisem-me pelos recados, obrigado desde já.

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