Em entrevista Angelina Jolie diz: Ser mãe é o meu papel favorito

Enquanto Angelina Jolie da entrevista sua filha Vivienne está rindo e brincando com uma babá em um quarto de hotel ao lado, feliz por saber que sua mãe está por perto. "Ela é a minha sombra. Ela quer saber onde eu estou em todos os momentos. Eu tive que levá-la para a escola mais cedo hoje porque ela tinha que vir até aqui para abraçar a mamãe", sorri Angelina quando nos encontrarmos em Beverly Hills.

Você teria que viver em baixo de uma rocha se não soubesse que Jolie da a vida a Malévola, vilã icônica da Disney, que no original de 1959 amaldiçoa a princesa Aurora para espetar o dedo no fuso de uma roca e morrer antes do aniversário de 16 anos, uma mulher mal compreendida com que a atriz há muito tempo se identifica. "Eu tinha medo dela, mas eu a amava muito, quando criança, enquanto as garotas queriam ser princesas, eu sempre queria ser a vilã”.

"Acho que todos nós conhecemos a história da Bela Adormecida e da Maleficent e o que aconteceu no batizado, mas o que ninguém sabe é o que aconteceu antes disso, e o que a levou a ser o que é", diz Jolie.

"Da mesma forma que Maleficent, eu acho que eu nasci com o coração aberto, confiante, amorosa, e então como todo mundo, há coisas diferentes que aconteceram na minha vida que me fizeram confiar menos nos outros, tornando-me mais solitária, mais irritada e mais cuidadosa", disse a atriz.

"Mas então algo traz Maleficent de volta ao que ela era, isso me fez perceber que ela era para ser sempre desse jeito, é assim que eu me sinto como a minha família, eles fizeram isso por mim, me ajudaram a voltar de novo para a luz".

Quando qualquer artista de sucesso diz que não quer que seus próprios filhos sigam os seus passos, é sempre uma coisa curiosa. "Eu quero que eles façam isso apenas por diversão, e se, quando ficarem mais velhos decidem serem atores, gostaria apenas de pedir que não façam disso o centro de suas vidas, quero que eles também façam muitas outras coisas, porque eu não acho que isso é um foco saudável", explica. "Mas nós também queremos que eles entendam o mundo do cinema, pois é algo que faz parte da minha vida e do Brad, queremos que eles tenham uma relação boa e saudável sobre isso."

Depois de meses gravando no Pinewood Studios em Londres, e passar todos os dias por um processo de quatro horas de maquiagem, envolvendo colocar as próteses da maçã do rosto, orelhas pontudas, lentes de contato e um capacete de uretano com chifres, hoje ela ainda está canalizando sua Malévola interior, vestidas da cabeça aos pés de preto, unhas pretas, vestido preto de renda da marca Valentino, saltos pretos Louboutin, olhos esfumaçados e um enorme anel preto chapado.

Ela é mãe, esposa, atriz, diretora, roteirista e ativista humanitária, e quando você está sentado a poucos metros de distância da mulher de olhos azuis “verde” amendoados, estrutura óssea invejável e lábios carnudos espetaculares, tudo se reúnem de uma forma improvável que beira a perfeição.

No entanto, ela nos confessa algumas de suas falhas. "A maior coisa é que eu não sei como ficar parada e não fazer nada. Como mãe eu tenho que aprender a ser capaz apenas de estar em casa, curtir minha família e deixar todo o resto de lado", ela suspira. "Eu sempre sinto que tenho que estar fazendo algo. Isso não é bom o tempo todo".

Uma dessas inquietações ela simplesmente teve para dirigir Unbroken, um épico de grande orçamento que narra a vida de Louis Zamperini, um corredor olímpico que foi feito prisioneiro pelas forças japonesas durante a Segunda Guerra Mundial, um projeto tão assustador que esteve em produção durante os últimos 55 anos.

Com o ator britânico Jack O'Connell escalado para o papel principal, ela admite: "Unbroken pode ser a coisa mais difícil que eu já fiz. Louis é meu vizinho e passamos muito tempo juntos, ele me ajudou com tanta coisa na minha vida. Eu realmente não tenho avós e não cresci com meu pai então talvez haja alguma coisa em apenas conhecer um homem mais velho que me passe sua sabedoria.

"Ele tem sido uma luz para muitas pessoas ao longo de sua jornada, por isso é uma grande responsabilidade retratar sua vida corretamente em um filme, porque é uma historia de vida tão grande e inspiradora".

Ser diretora, diz ela, me dá um sentimento de satisfação que eu nem sempre senti nos filmes em que atuei. Ele também me permite ter mais tempo com a minha família, pois quero estar perto dos meus filhos nessa transição de criança para a adolescência.

Por enquanto, ela e Pitt impõem certas regras básicas em casa. "Celulares não são permitidos na mesa de jantar" diz ela. "Eles fazem algumas coisas on-line, mas não estão no Twitter ou Facebook ou qualquer dessas redes sociais. Eles não são proibidos de usarem a internet, mas nós tentamos orientá-lo e protegê-lo tanto quanto pudermos".

Ela balança a cabeça e sorri quando é perguntada se tem algum conselho para os adolescentes. "Não, mas alguém me disse que a melhor coisa a fazer é simplesmente não dizer muito. Você só tem que lhes dar o máximo de orientação, enquanto eles estão crescendo".

Sobre aposentadoria, ela não está pensado nisso ainda, como tem sido erroneamente relatado pelos meios de comunicação mundo a fora. "Brad sabe há algum tempo que eu amo meu trabalho humanitário, assim como atuar, dirigir e escrever, acho que ele vê isso acontecer algum dia, mais no futuro, mais a verdade é que eu não estou me aposentando. Eu ainda vou fazer filmes, apenas serei mais seletiva na hora de escolher um papel, eu acho que estive em frente as câmeras durante tanto tempo da minha vida e as vezes é bom dar um passo para trás das câmeras e fazer coisas diferentes".

Ironicamente, ela fez sua própria estreia nos cinemas aos sete anos, no filme de seu pai Lookin'to Get Out, interpretando a filha de Ann-Margret. Depois de se formar no colegial, ela rapidamente se estabeleceu como uma talentosa atriz em vários gêneros: sendo uma detetive em “O Colecionador de Ossos”, ou uma heroína em “Lara Croft: Tomb Raider”, tal como encantadoramente no drama de época “O Bom Pastor”, de Robert De Niro e “A Troca” de Clint Eastwood. Ela também dublou personagens nas animações “Kung Fu Panda” e “O Espanta Tubarões”.

Mas depois de escrever e dirigir o filme de amor e guerra ambientado na bósnia “Na Terra de Amor e Ódio” em 2011, tudo mudou, pois ela ficou encantada com todo esse processo.

Flexibilidade é a chave, para sua nova profissão: "No momento eu estou editando Unbroken e as crianças podem entrar no set e eu posso estar com elas no café da manhã, eu posso estar em casa para o jantar, eles podem vir ao trabalho comigo e eu posso ter dias de folga, se eles precisarem de mim para levá-los ao dentista, por isso é um tipo diferente de trabalho, eu posso ver minhas crianças crescerem e se tornarem adolescentes, pois sei que eles vão precisar de mim quando chegarem nessa fase. "

Jolie também já escreveu um roteiro e espera poder dirigir Brad no futuro. "Nós não trabalhamos juntos por 10 anos e quando trabalhamos juntos pela primeira vez, foi algo muito divertido, embora não estávamos juntos como um casal na época, então isso seria muito diferente", diz ela.

"Quando eu trabalhei com ele, eu percebi que ele era como meu melhor amigo e realmente um grande homem", diz ela.

Quando essa entrevista foi feita, ela ainda não tinha visto a edição final de Maleficent e sorriu quando foi informada como o público reagiu na exibição do longa na noite anterior, como todos suspiraram um "awww" coletivo nas cenas onde ela pega Vivienne em seus braços.

"Foi difícil segurar minha filha e dizer: "Eu não gosto de crianças", mais eu espero que isso não tenha deixado uma impressão ruim e duradoura a ela, pois ela é criança ainda e não entende muito sobre o universo do cinema", finaliza Jolie.

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