Angelina Jolie e Jack O'Connell são capa da revista DuJour

 
 
 
 
 
 
 
 
A visionária: Angelina Jolie

Como um historia de heroísmo há muito tempo esquecida mudou a vida de um dos mais sortudos jovens atores do mundo e dos astros que acreditaram nele.

Louis Zamperini sabia uma coisa ou duas sobre espera. O corredor olímpico virou aviador norte-americano, passou 47 dias terríveis no mar vivendo em uma balsa depois de um acidente de avião em 1943, e posteriormente, sobreviveu a dois anos como prisioneiro de guerra japoneses. Ainda assim, quando ele vendeu sua historia de vida para a Universal Pictures em 1957, ele não poderia saber que levaria mais de 50 anos para ela ser contada.

Estreia no dia de Natal, no entanto, a espera vai ser longa. Quando Unbroken chegar aos cinemas, a historia de Zamperini vai surpreender todo mundo. Mas além de apenas mostrar ao mundo a incrível vida do ex-atleta olímpico, ela vai dar ao público uma visualização sobre os talentos incríveis de uma outra criatura extremamente impressionante: a diretora Angelina Jolie.

"Eu estava procurando algo para fazer e como diretora estudava assuntos que tinham sido esquecidos", diz Jolie, à beira da piscina, morando em uma casa na pequena ilha de Gozo em Malta. "Dirigir é muito diferente de atuar, porque leva mais de dois anos de sua vida para o filme ficar pronto, por isso tem importancia, realmente me importa de uma maneira diferente".

Não foi até ser apresentado pela Universal a Jolie, cuja a estreia na direção foi com o filme “Na Terra de Amor e Ódio”, que estreou discretamente em 2011, em uma lista de ideias disponíveis que estavam juntando poeira que ela encontrou o que estava procurando.

"Toda vez que você visita um estúdio, eles lhe dão os projetos" que foram esquecidos, diz ela, "e eu vi essas quatro frases sobre Unbroken. Fui para casa e eu disse para Brad, "Estou muito curiosa sobre este filme, que é um triunfo do espírito humano sobre encontrar a fé e o perdão e a vida deste homem parece ser tão interessante." E Brad disse, 'Oh, querida, este projeto tem passado pelos estúdios durante muito tempo".

Mas Jolie nunca perdeu o interesse, no entanto, ela diz que quando estava na metade de 2010 ela leu a biografia de Zamperini de Laura Hillenbrand, Unbroken, e foi quando ela percebeu que tinha que fazer o filme.

"Eu lutei por ele durante meses", disse Jolie, "e isso se tornou menos sobre um desejo de fazer um filme e muito mais sobre querer estar perto de alguém como Louie. Eu senti que precisava embarcar nessa viagem, que iria me tornar uma pessoa melhor. Eu estava implorando, não só por ser um filme, mais para ter a oportunidade de passar dois anos da minha vida focada em Louis Zamperini".

De acordo com Peter Cramer, co-presidente da Universal, os anos de Jolie em frente as telas e seu entusiasmo pelo projeto fez ela conquistar esse trabalho. "Eu não acho que alguém consideraria colocar Angelina Jolie em uma mesma lista como diretores recém-saído da escola de cinema", diz ele. "Ela obviamente, tinha uma grande quantidade de experiência na indústria do cinema antes de se tornar diretora, todas as quais serviram muito bem a ela, quando ela decidiu passar para trás das câmeras. Nós não estavam olhando para ela como uma diretora novata, como quando as pessoas estavam olhando para Clint Eastwood ou Robert Redford quando eles fizeram suas estreias na direção".

Assim, em 2013, Jolie conseguiu realizar o seu desejo e partiu para a Austrália por quase quatro meses de filmagem. Ela também encontrou seu Louie.

"Foi uma grande oportunidade, superior a qualquer coisa que eu pudesse esperar", diz Jack O'Connell. "Eu estive batendo de porta em porta, à espera de alguém que me desse uma chance de me expandir como ator, e Louie é simplesmente perfeito para isso".

Encontrar um protagonista para o papel que exigia uma intensa pesquisa internacional, não foi tarefa fácil. "O truque da busca por um Louie era que ele tinha que ser alguém que fosse realmente um homem de verdade", disse Jolie, "mas também alguém que tinha um forte sentido familiar, um ator talentoso com uma profundidade emocional também".

O'Connell, um veterano da serie adolescente britânica Skins e uma série de filmes independentes confusos, assumiu o papel. "Jack tinha essa combinação de luta, paixão e espírito", disse Jolie. "Assim que eu o conheci, eu sabia que ele era Louie." Ela completou seu elenco com uma série de outros jovens atores, incluindo Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund e o cantor japonês Miyavi.

Enquanto o foco principal do filme trouxe um enorme benefício para O'Connell, e tem elevado seu status de estrelas, que sua próxima aparição poderia ser na NASA, o trabalho que ele estava prestes a começar não ia ser fácil. Para retratar Zamperini como um prisioneiro frágil da guerra, foi relatado que O'Connell passou por uma dieta de 800 calorias por dia, e para interpretá-lo como um atleta olímpico, ele teve que treinar para se tornar um corredor.

"É difícil destacar um determinado ponto, porque todo o filme foi uma porra muito brutal", diz O'Connell. "A pior parte das filmagens foi a primeira etapa. Estávamos fazendo as sequências finais das cenas como prisioneiro de guerra e havia um monte de carvão envolvido, então tudo e todos estavam sujos, e havia dias em que você não podia se concentrar em coisas fora do set porque tinha que poupar sua energia. Quando eu tive que voltar e interpretar a parte que ele era um atleta olímpico, eu estupidamente pensei que seria mais fácil do que interpretar um prisioneiro de guerra, mas não foi. Isso realmente mexeu comigo".

As gravações estava emocionalmente carregado também. Pouco antes de chegar na Austrália, O'Connell que perdeu o pai para o câncer de pâncreas quando ainda era um adolescente, descobriu que um amigo próximo havia sido diagnosticado com câncer de fígado. Lidar com o estresse fora das telas deu a Jack e Jolie (que divulgou publicamente que havia passado por uma dupla mastectomia preventiva e que perdeu sua própria mãe para o câncer de ovário em 2007), a oportunidade de aprofundar o seu relacionamento pessoal.

"Eu estava me sentindo mal, com a dieta e os efeitos da preparação, então a única maneira que havia para que eu pudesse ir vê-lo era se alguém agilizasse a viagem", lembra ele. "E Angie arranjou um helicóptero. No mesmo fim de semana, ela reuniu algumas das pessoas mais próximas a mim em torno de uma mesa para um almoço. Isso excedeu suas exigências de diretora. E também me fez pensar como eu tinha tirado toda essa porra para fora de minha vida por dois meses antes de começar o filme, então tudo o que eu queria fazer era estar no set e retribuir o favor. “Isso não é uma relação ator-diretor convencional, então o fato de ela me fazer sentir como se este fosse um investimento nos dois sentidos foi muito importante”.

Para Jolie dirigir um grupo de jovens em um filme sobre a guerra foi uma experiência que testou sua determinação.

“Todos os meninos tinham que passar fome, mesmo os figurantes, e nós teríamos dias quando haveriam 200 jovens de pé no calor", lembra Jolie. "A mãe em mim queria parar e colocar todos sob uma tenda, lhes dar água e apenas cancelar as gravações do dia. Mas o meu outro lado tinha que fazer o meu trabalho e seguir em frente".

Por mais que os atores foram pressionados a irem além de suas capacidades, Jolie disse que dirigir Unbroken também a forçou superar os seus próprios limites. Em um determinado dia, ela tinha um grande grupo de atores esperando de pé no sol até que as sombras ficassem perfeitamente para que pudessem começar as gravações. Jolie disse que seu instinto dizia para ela dar uma pausa aos meninos, mas o conselheiro militar do filme propôs uma solução diferente.

"Ele fez todo mundo lhe dar atenção, e em seguida, os fez começar a fazer flexões", diz ela. "Eu pensei: Oh, não, mas eles fizeram as flexões, foram testados e pressionados, mais isso tinha um propósito, só sei que 10 minutos depois eles estavam todos sorrindo".

Ela acrescenta: "Eu aprendi algo sobre os homens nesse dia. Aprendi que um desafio é bom para todos, então eu nunca mais me senti tímida para pressiona-los, sabendo que isso tem um propósito real".

As lições aprendidas por Jolie no set não ficar apenas lá, seus três filhos se beneficiaram também. "No fundo da minha mente, eu queria fazer um filme que ajudaria os meus meninos a se tornarem homens melhores", diz ela. "Eles sabem sobre a história de Louie, então eu sou capaz de lhes dizer que não é ruim serem cheios de paixão, e sim saberem onde direcionarem essa paixão".

Quanto ao que Jolie escolheu fazer com sua próprio paixão, dirigir parece ser uma delas. Depois de anos na frente da câmera e uma série de prêmios, incluindo o Oscar em 2000 por Garota Interrompida, ela diz que seu foco daqui em diante vai ser em fazer filmes, e não estrela-los.

"Eu nunca me senti confortável sendo uma atriz; Eu nunca amei estar na frente da câmera ", diz ela. "Eu nem sequer penso que poderia dirigir, mas eu espero ser capaz de ter uma carreira como diretora, porque eu sou muito mais feliz fazendo isso".

O plano é desistir de atuar inteiramente?

Ela sorri. "Absolutamente".

Mas ainda não. Na verdade, onde nós estamos sentadas é apenas um lugar que faz parte do cenário de By the Sea, uma história de amor de época que Jolie escreveu, e está dirigindo e estrelando ao lado de seu parceiro de longa data e agora marido, Brad Pitt. (É um projeto de família: Maddox, seu filho de 13 anos, está trabalhando no filme como assistente de produção) "É tão estranho", observa Jolie.

"Comparado com Unbroken, este filme é um passeio no parque", diz Jolie. O filme conta a historia de um casal americano de 1970 e seu casamento complicado durante uma viagem pela França. "A única coisa difícil é dirigir a mim mesma e dirigir Brad. É uma historia forte, dura, dramática, e nós estamos equilibrando as coisas".

É a primeira vez que o casal trabalha juntos, desde que se conheceram no set de Sr e Sra Smith em 2005, e se casaram em agosto deste ano. Não que as coisas mudaram muito entre eles. "Eu acho que quando você está bem, você se sente exatamente a mesma de antes", diz Jolie, mas estando casados e trabalhando juntos, lado a lado pode levar algum tempo para se acostumar com isso.

"É um filme pesado, e não é fácil para nós", diz ela. "Porque mesmo quando vocês brigam, você estão juntos no campo de batalha e você não espera que seja fácil. Estamos desafiando uns aos outros e isso é uma coisa muito boa".

Desafios, é claro, são parte de qualquer processo criativo. E mesmo Unbroken que veio com a sua quota de dificuldades, ainda assim nenhuma tenha sido mais forte do que a morte, aos 97 anos, de Zamperini em julho.

"Eu estava mortificado quando soube de sua morte", disse O'Connell. "Eu sempre tive essa fantasia de ver nós dois no tapete vermelho, e eu ficando em segundo plano e seria como 'O Show de Louie". Isso não vai ser o caso agora, mas temos que mostrar ao mundo este filme em sua homenagem. É uma homenagem a um homem que não está mais com a gente".

Jolie expressa seu sentimento. "Para mim a parte mais irresistível de fazer o filme, foi leva-lo até Louie no hospital e vê-lo assistir a sua vida", diz ela. "Ele nos deu tanto e ele nos inspirou tanto, e mesmo estando triste como eu estou por ter perdido-o, eu sou tão grata por tê-lo conhecido".

Acima de tudo, Jolie diz que está honrado por ter tido a oportunidade de contar a história de Zamperini e dar-lhe a imortalidade, mesmo que seja apenas em celuloide.

"Eu ainda não posso acreditar que consegui fazer este filme", diz ela. "Quando se trata de ser uma diretora, é tudo tão novo para mim e eu sou muito tímida sobre isso, porque eu ainda estou aprendendo. Vou me sentir melhor quando o público começa a vê-lo. Acho que estamos no caminho certo, mas eu não estou respirando muito bem ainda".

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