Crítica: À Beira Mar mostra Angelina Jolie e Brad Pitt como você nunca viu

Por: Diego Almeida

Angelina Jolie e Brad Pitt fazem um dos casais mais icônicos do cinema norte-americano, quiçá, do mundo. Ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Garota Interrompida (1999). Ele foi indicado três vezes, porém, só um filme no qual participou ganhou o prêmio da Academia, 12 anos de Escravidão (2013), em 2014. Eles tinham atuado juntos uma única vez, em Sr. e Sra. Smith (2005), exatamente o longa no qual se conheceram e acabaram ficando juntos. Após 10 anos, Sr. e Sra. Pitt se reencontram em À Beira Mar.

Na metade dos anos 1970, Vanessa (Angelina Jolie, de Malévola) e Roland (Brad Pitt, de Corações de Ferro) são um casal norte-americano que está passeando pela França. Ela é uma ex-dançarina, ele é um famoso escritor. Eles se hospedam em um luxuoso hotel à beira mar. Ele está tentando escrever um novo livro, e por isso resolve conhecer melhor o local e os seus moradores. Ela permanece quase todo o tempo dentro do quarto.

Conforme os dias vão passando, os problemas de relacionamento entre os dois ficam cada vez mais aparentes. Ele faz amizade com o dono do café local, Michel (Niels Arestrup, de Cavalo de Guerra) e com o solitário dono do Hotel, Patrice (Richard Bohringer, de O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante). Um casal recém-casado, Lea (Mélanie Laurent, de O Homem Duplicado) e François (Melvil Poupaud, de Lucky Luke), se hospeda no quarto ao lado do deles. Um jogo, então, tem início. Um jogo entre Vanessa e Roland e que envolverá o casal ao lado.

A interpretação de Angelina Jolie e Brad Pitt está espetacular. O roteiro de À Beira Mar foi escrito pela própria Angelina e nele, o casal Vanessa e Roland fica em cena praticamente o tempo inteiro: se não é ele, é ela. Quando não são os dois. Portanto, se eles não conseguissem sustentar seus personagens, o longa se tornaria muito chato.

E de chato, este longa não tem nada. A história escrita por ela vai “soltando” ao longo do tempo – na velocidade certa, porém, poderá ser considerada lenta para alguns – os problemas existentes na relação deste casal. Os sentimentos de Roland por sua esposa ficam patentes na atuação de Brad Pitt. O personagem de Angelina Jolie já é um pouco mais misterioso do que o de Pitt, mas mesmo assim não consegue esconder muito o que está sentindo quando está em cena.

Os mistérios deste casal só ajudam a dar um ar de suspense a este drama de um pouco mais de duas horas de duração. O diretor de fotografia Christian Berger (A Fita Branca) soube posicionar muito bem as câmeras. Como À Beira Mar tem um tom intimista, a câmera está em close em muitas cenas, principalmente quando o casal está presente. Já quando Roland está em suas caminhadas e observações pela região, a fotografia é mais aberta, obviamente, para mostrar o local e os seus habitantes.

Outro aspecto da fotografia que deixa implícito a relação do casal é o tom morno dado à cor do filme. Além do posicionamento de câmera que deixa claro o que se mostrar em cena, às vezes, com o uso de reflexo de espelhos.

A edição realizada por Martin Pensa (Livre) e Patricia Rommel (Na Terra do Amor e Ódio, também dirigido e escrito por Angelina Jolie) também está impecável, como a fotografia. Eles souberam muito bem quando precisavam dar um gás em determinada cena e quando precisavam ser mais lentos, como em uma cena de Angelina no quarto envolvendo um cano. Além disso, em transições de cenas, souberam dar um respiro ao espectador para pudesse digerir o que aconteceu e relaxar um pouco para o que viria a seguir e em outras deixar quem assiste ao filme tão confuso quanto o personagem em cena.

A trilha sonora de À Beira Mar é praticamente músicas francesas da mesma época na qual se passa a história do filme. Sob a responsabilidade de Gabriel Yared (Em Segredo), a trilha deixa a história ser contada por si e pelas imagens. Não antecipa nada e não é exagerada. Outro aspecto importante de som é a captação. Soube-se utilizá-lo para mostrar os sentimentos dos personagens.

Muitos poderão considerar À Beira Mar um pouco lento e arrastado, mas aqueles que prestarem atenção à história e aos detalhes do filme, estes o considerarão um ótimo filme e que poderá ser indicado ao Oscar, pelo menos, na categoria de roteiro original.

Fonte: Observatório do Cinema

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