O fenômeno Angelina Jolie

Em cartaz nos cinemas brasileiros, o filme À Beira Mar mistura os contextos artístico e privado. Afinal, o quarto trabalho de direção de Angelina Jolie conta a história de um casal que está no meio de uma crise no relacionamento. E como quem contracena com ela na película é justamente seu marido, Brad Pitt, há aqueles que não perdem a oportunidade de especular sobre a relação entre arte e vida real.

Casal perfeito de Hollywood

Os dois astros do cinema se conheceram no set de cinema do longa Sr & Sra Smith em 2004, e iniciaram seu relacionamento amoroso no ano seguinte. No filme, os personagens de Jolie e Pitt brigam aos berros diante das câmeras e destroem, literalmente e de forma eficaz, o lar comum.

Pouco tempo depois, Jolie e Pitt anunciaram sua relação, tiveram filhos e adotaram crianças. Anos mais tarde, casaram com muita pompa no sul da França – e assim surgiu o sucinto neologismo que descreve e define o casal mais famoso de Hollywood: Brangelina.

Sem dúvida, Jolie e Pitt são o casal perfeito do cinema hollywoodiano moderno. Assim como antigamente Katherine Hepburn e Spencer Tracy ou Elizabeth Taylor e Richard Burton eram celebrados por mídia e fãs, agora Jolie e Pitt dominam capas de revistas e manchetes na internet.

O esplendor só é comparável aos britânicos Victoria e David Beckham. Mas o casal americano ganha pontos também entre observadores bastante sérios pelo seu engajamento social.

Compromisso com os direitos humanos

Isso se deve principalmente a Angelina Jolie. Ela conquistou bastante respeito por seu engajamento e apoio aos refugiados, seu trabalho de combate à exploração sexual de mulheres, além de suas incansáveis viagens ao redor do mundo até campos de refugiados e de deslocados internos.

Enquanto muitas celebridades do mundo da música ou do cinema passam a impressão de fazer filantropia apenas para alavancar suas próprias carreiras, é consenso que há um interesse genuíno por trás das atitudes de Jolie.

Afinal de contas, a atriz nascida na cidade de Los Angeles em 1975 não se restringe a campanhas individuais de relações públicas ou eventos de maior visibilidade ao público.

A lista de viagens às áreas de crise no mundo, seus esforços para ajudar e o volume de doações é ao menos tão impressionante quanto seu currículo cinematográfico. E que Jolie se apresenta nestes eventos invariavelmente muito elegante – aliando beleza física à vestimenta sofisticada – não deve ser algo repreensível.

Que Jolie se interessa efetivamente pelo sofrimento das pessoas de muitas regiões do mundo prova o seu trabalho como diretora de cinema. Especialmente o árduo drama bósnio Na Terra de Amor e Ódio, lançado há quatro anos, lhe rendeu, ao lado de críticas, também bastante respeito por causa de imagens drásticas. Entre outras homenagens, a obra rendeu à atriz a condecoração de cidadã honorária de Sarajevo.

Jolie causou outra enorme repercussão na mídia quando, em uma entrevista ao jornal americano The New York Times, ela relatou sobre sua dupla mastectomia. Por haver em sua família um grande risco de desenvolver câncer de mama e de ovário, ela decidiu pela remoção operatória, justificou a atriz na época. Em 2015, ela comunicou que removeu também, pelos mesmos motivos, ovários e trompas de falópio.

Carisma e credibilidade

Angelina Jolie, uma das atrizes mais bem pagas do cinema mundial, chegou ao ponto de poder escolher os papéis que deseja interpretar. Mas ela também consegue apresentar um equilíbrio entre o glamour e seu engajamento de tal forma, que ostenta uma imagem positiva e, mais importante, de credibilidade.

A atriz sabe como usar seu carisma de forma eficaz. E quando injeta milhões de dólares em organizações de ajuda humanitária, dela própria e de terceiros, o dinheiro é bem investido. Poucas celebridades de seu calibre conseguem, na difícil busca pela autodescoberta fora do showbiz, ostentar uma imagem tão convincente.

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