Angelina conquista Bósnios com filme sobre a guerra dos Balcãs

Depois de tanta polemica sobre o longa In The Land Of Blood And Honey, dirigido por Angelina Jolie, a atriz e agora diretora conquista opositores, críticos e vitimas do conflito com seu filme sobre a guerra dos balcãs.

Em outubro de 2010, um ministro bósnio revogou a permissão de Jolie de filmar no país alegando que havia documentos incompletos na solicitação que a atriz tinha enviado a eles pedindo autorização para a filmagem, mais o real motivo era porque mulheres vítimas da guerra se opuseram aos detalhes da trama, alegando que era sobre o amor entre um estuprador e sua vítima.

Devido as inúmeras objeções sobre o filme a estrela de Hollywood foi obrigada a parar as filmagens e gravar a maior parte do longa nas proximidades da Hungria. Apenas algumas das cenas exteriores foram feitas na Bósnia.

A historia do filme fala sobre o amor entre um homem sérvio e uma mulher muçulmana que se conhecem antes da guerra mais são separados por causa dela, e mais tarde se reencontram em circunstâncias diferentes – agora ele é um oficial do exército e ela sua prisioneira.

Vítimas de violência sexual na Bósnia chegaram até a escreverem para a agência de refugiados das Nações Unidas, dizendo que Jolie não merecia o papel de Embaixador do ACNUR e que não sabia o suficiente sobre o conflito na Bósnia para contar algo que não era verdade.

Depois que tudo parcialmente havia se esclarecido, ela filmou uma parte do longa na bósnia, mais a maior parte foi feita em Budapeste devido as confusões que ocorreram sobre algo falso que havia sido noticiado pela imprensa, Jolie pediu as vítimas da guerra que reservassem seus julgamentos e manifestassem suas objeções ao filme só depois que ele estivesse pronto.

Assim em uma seção de cinema privada nessa quinta-feira, em Sarajevo, vítimas da guerra da Bósnia mataram a ansiedade de assistir ao tão esperado e falado filme de Angelina Jolie In The Land Of Blood And Honey.

A exibição do longa para os representantes da associação de vítimas, provocou reações positivas de alguns dos mais duros críticos locais.

Acho que este filme é muito perturbador para as vítimas, mais é completamente objetivo e diz os fatos que realmente aconteceram durante a guerra. "Ela fez um filme fantástico sobre a Bósnia e Herzegovina, eu posso realmente dizer a partir do ponto de vista de uma vítima do conflito", disse Murat Tahirovic, presidente da associação Bósnia de presos (durante a guerra), à televisão Federal em Sarajevo.

Tahirovic estava entre uma dúzia de convidados e representantes de vítimas da guerra, para a exibição fechada de "In The Land of Blood and Honey".

"Todo mundo deveria ver este filme", disse Tahirovic.

Bakira Hasecic, presidente de uma associação que reúne vítimas de violência sexual, que liderou uma das campanhas contra o filme em 2010, lamentou não ter sido convidada para a exibição do longa. "Eu vi as imagens do filme na internet. Eu não sei do que ele se trata, mas o que eu vi é que a vítima está em uma espécie de hotel cinco estrelas, ela faz pinturas, e goza de liberdade. Não existia isso na época! " disse a senhora ao AFP.

Mas a presidente de uma associação de mães de vítimas do massacre de Srebrenica, no leste da Bósnia, Hatidza Mehmedovic, que viu o filme, não concorda com sua colega. "Não podemos nunca fazer um filme mostrando o que realmente aconteceu na Bósnia durante a guerra. Mas esse é um excelente filme, objetivo e sincero. É um filme difícil, mas que transmite uma mensagem forte". No entanto, Mehmedovic, que perdeu o marido e dois filhos adolescentes no massacre de Srebrenica, em 1995, disse que estava desapontada pelo filme ter sido rodado em outro lugar, embora tenha parabenizado Jolie por ter o feito.

"O filme é tão forte, tão difícil, só seria mais forte se tivesse sido feito aqui na Bósnia", disse ela à Reuters.

Uma das maiores opositoras a filmagens de Jolie na Bósnia, disse que agora estava satisfeita com o retrato do filme e da guerra.

"Duas horas de filme não é tempo suficiente para mostrar todos os horrores da guerra, mas acho que Angelina conseguiu fazê-lo, chorei todo o tempo enquanto assistia o filme. Gostaria muito que o mundo o assistisse", disse Sadzida Hadzic da associação de mulheres vítimas da Guerra.

A exibição privada do longa foi organizado pelo Centro de pesquisas pós-conflito, mais não foi aberta para a mídia.

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