Povo cambojano retribui o amor que Angelina Jolie tem pelo país

Saas Mean não acreditava na sua sorte. Antes de conhecer Angelina Jolie, ele estava morando em um galinheiro improvisado com outras vítimas de minas terrestres e suas famílias.

Entre eles, cegos, mutilados ou sofrendo com feridas internas horríveis, ele foi praticamente deixado para morrer, depois de pisar em uma mina terrestre em 1984.

Não havia cuidado para pessoas como Saas, que se tornaram refugiados durante os anos devastadores da guerra no Camboja, pelo menos até Jolie ouvir sobre a situação das vítimas de minas terrestres em 2000.

A vencedora do Oscar ajudou a transformar suas vidas construindo-lhes uma fileira de casas, participando do casamento de um casal, junto de seu filho Maddox em 2003, e até trabalhando como parteira para uma mulher, que mais tarde nomeou o bebê como Jolie, em honra a atriz.

O Camboja sempre esteve perto do coração da famosa atriz, tanto que Jolie acabou dirigindo o filme "First They Killed My Father", que se concentra na história do país, durante seu brutal período comunista, e está sendo lançado na Netflix hoje.

O filme ansiosamente aguardado, se baseia na autobiografia da autora Loung Ung, que cresceu no país durante os anos do regime do Khmer Vermelho.

Durante o tempo que passou no Camboja, Jolie conversou com pessoas, especialmente aquelas que vivem na região remota de Samlaut, noroeste do Camboja, como Saas e as outras vítimas de minas terrestres.

É onde o seu principal projeto de conservação está situado, a Fundação Maddox Jolie Pitt, que possui mais de 100 mil hectares de floresta ameaçada de extinção.

Sua grande esperança era tirar as aldeias vizinhas da pobreza, que eram as mais pobres do país e que haviam sido destruídas pelo regime do Khmer Vermelho.

O governo estava em guerra com o Vietnã nos anos 70 e 80 e quase dois milhões de pessoas foram mortas pelo partido comunista liderado por Pol Pot.

Samlaut foi um dos últimos lugares que ainda vivia sobre o regime e foi governado pelo Khmer Vermelho até 1998, tendo muitos dos seus ex-generais residindo nessa área até então.

Alguns anciãos que residem na região, disseram que Jolie ajudou milhares de aldeões a conseguirem empregos e trabalhos nos campos.

Talvez a história mais comovente pertença à vítima de mina terrestre Saas, agora com 60 anos.

Vivendo no forte usado pelo Khmer Vermelho em Samlaut, Saas foi forçado a se alistar no seu exército, para lutar contra os vietnamitas em condições brutais, nas Montanhas Cardamomo, província de Koh Kong.

Em 1984, ele acabou pisando em uma minas terrestre, perdendo os braços, e os olhos, hoje existe uma prótese ocular no lugar.

O estilhaço o deixou manco, tendo que se apoiar em uma bengala que está presa ao que restou de um dos braços.

A deficiência fez com que os 16 anos seguintes, fossem quase insuportáveis ​​para sua família, a esposa Dol, de 50 anos e os filhos Sean, 25, Serm, 23 e Sokhin, 18.

Saas disse: "Eu só quero contar minha história para expressar minha gratidão a Sra. Jolie. Eu era um soldado e lutei contra o Vietnã. Após o acidente, eu fiquei no hospital por muito tempo na Tailândia e no Camboja, então quando eu saí de lá, o Khmer Vermelho forçou a mim e minha esposa, a nos casarmos em 1993.

"Isso tornou nossa vida muito difícil. Nós eramos refugiados e foi por causa do apoio do UNHCR [Agência de Refugiados da ONU] que eu sobrevivi.

"Primeiro moramos em uma tenda de plástico, eu, minha esposa e filhos, depois moramos junto com outras pessoas amputadas da aldeia em um galinheiro improvisado. Nós comíamos apenas uma vez a cada dois dias, mas meus filhos que trabalhavam, comiam um dia sim, um dia não.

Os filhos de Saas não podiam ir à escola porque tinham que obedecer e trabalhar em um pequeno pedaço de terra que tinham, apenas para ganhar alguns centavos por dia.

Então, em 2000, Jolie ouviu falar da trágica história de Saas.

Ele disse: "A Sra. Jolie me conheceu através do UNHCR, quando veio aqui na aldeia. Perguntei a ela, por que ela queria me conhecer, e ela me disse, que só conhecia falsos pobres e ela queria conhecer as pessoas realmente pobres e foi assim que ela veio até mim".

Saas acrescentou: "Ela me fez muitas perguntas, então voltou para me ver. Foi então que ela decidiu me ajudar. Eu não tinha nada. Ela disse que me daria uma casa, uma vaca, e bem, um banheiro. Ela disse que ajudaria meus irmãos e irmãs. Desde então, ela está me dando apoio".

E não foi só Saas que Jolie ajudou, ela também ajudou outras vítimas de minas terrestres, a maioria das quais eram mutiladas e em cadeiras de rodas.

Ela construiu nove casas de madeira enfileiradas e as doou para pessoas cujas vidas foram destruídas por minas terrestres durante a guerra e não podiam cuidar de suas famílias.

Saas disse: "Ela nos deu nove casas, vacas, assim com outras coisas, as pessoas ajudadas eram como eu, cegas e não podiam andar. Somos como uma família. Muitas pessoas prometeram ajudar a nossa gente, mas ela realmente fez. Estou tão agradecido, minha vida teria sido tão difícil, provavelmente estaria morto, mas agora nasci de novo.

Dois outros homens em cadeiras de rodas, Bai La e Keo Bun, também são vítimas de minas terrestres dos combates na guerra, são vizinhos de Saas.

"Fui ferido em 1983 e Keo Bun em 1987", diz Bai. "Eu morava em um galinheiro, aquilo não foi feito para humanos, até que a Sra. Jolie chegou".

Bai acrescentou: "Ela me deu uma casa, uma vaca e um campo. Nós nos encontramos algumas vezes, a última vez foi em 2004. Desejo apenas vê-la mais uma vez, perguntar a ela sobre sua vida e dizer obrigado, muito obrigado.

Jolie ficou tão tocada pela história de Saas que queria fazer algo especial apenas para ele. Ele e sua esposa, Dol Sea, foram forçados por soldados do Khmer Vermelho fortemente armados, a se casarem.

Ao descobrir a situação de Saas, Jolie foi inflexível, ele deveria se casar novamente, mas sem gastar nada.

A atriz então pagou por tudo e toda a aldeia participou da cerimonia realizada em 2003, Jolie foi a convidada de honra e trouxe Maddox, que tinha apenas alguns meses no momento da cerimônia.

Chean Pheng, comissário-chefe da comuna de Tasanh, que supervisiona a aldeia de Samlaut, foi um dos convidados e lembra com carinho a "grande bondade" de Jolie.

Ele acrescenta: "A Sra. Jolie veio ajudar a comunidade e estamos tão agradecidos porque ela criou toda a floresta de conservação, ajuda a comunidade e preserva a última floresta nesta área.

"A Sra. Jolie se preocupa com todas as pessoas, surdas, cegas, todos. Ela é mais do que apenas uma estrela de Hollywood.


Angelina Jolie a parteira! Atriz ajudou no parto de um bebê.

Dois anos depois de Leany Sopheap dar a luz, ela ainda tem as roupas que colocou na filha na ocasião, ela nunca as larga, mesmo que sua bebê já tenha crescido.

Ela sempre se lembrará do dia que Angelina Jolie veio até ela, e lhe disse palavras reconfortantes enquanto ela estava tendo um bebê.

Leany e o marido, Siam Komsot, ficaram hipnotizados quando a atriz chegou sem avisar, ao hospital local Samlaut, Bueng Van Health Centre.

Sua irmã Bun conta a história: "Minha irmã estava no hospital enquanto estava tendo um bebê quando Angelina apareceu. Foi uma completa surpresa. O guarda-costas disse que não, ninguém era permitido chegar perto dela, mas quando ela viu minha irmã, ela queria ajudar, queria ser amigável e ver o bebê e ajudar com os remédios.

"Quando o bebê nasceu, ela rezou por ele e lhe desejou uma boa saúde. Ela também comprou roupas de bebê e um sarong para minha irmã.

A família estava tão encantada com isso, que batizou a bebê depois da visita da estrela, chamando-a de Jolie. Bun acrescenta: "Nunca conheci Maddox, mas tudo o que pensamos é que ele é um menino de sorte, ele era apenas um pobre menino, agora ele é rico e tem uma mãe famosa, viaja ao redor do mundo. Tivemos muita sorte em conhecê-la.