Angelina Jolie em entrevista para o The New York Times

Por: CARA BUCKLEY

Sentada com os pés descalços na varanda de sua aconchegante nova residencia, Angelina começa a me explicar por que ela quer salvar o mundo, quando o dever lhe chama. Seu filho mais novo, Knox, de 9 anos, coloca sua pequena cabeça loura pela porta.

"Shiloh precisa de você", disse o menino calmamente, referindo-se à sua irmã do meio, que tem 11 anos.

"Shi?", chama Jolie, antes de desaparecer rapidamente em seu caftan preto. Dez minutos depois, ela volta. Vlad, o lagarto de Shiloh, está doente e está agora, pela angústia de Shiloh, convalescendo no veterinário. "Isso continuará pelo resto do dia", disse a Sra. Jolie, se sentando em uma cadeira almofadada de jardim, "aprendi tudo sobre os problemas de saúde do lagarto".

Angelina então reclamou sobre o desequilíbrio do mundo, onde os animais de estimação californianos recebem cuidados especiais, enquanto milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a um tratamento médico adequado. Não foi mencionado que ela estava dizendo isso, de sua propriedade de 25 milhões de dólares em uma colina, dentro de um condomínio fechado no bairro de Los Feliz, uma casa que ela comprou para si mesma e seus seis filhos, após a separação de Brad Pitt.

Talvez mais do que qualquer outra celebridade, Angelina, se manteve firmemente enraizada em dois mundos muito diferentes. Ela é a glamourosa estrela de Hollywood, em que cada movimentação é acompanhado de perto e se torna capa de revistas ("Angie e as crianças deixaram a loja Target porque não serviam cachorros-quentes", foi a mais recente notícia) e a humanista que fez mais de 60 viagens a campos de refugiado, como parte do seu trabalho com as Nações Unidas. As contradições aparentes são responsáveis ​​pelo fascínio indescritível. A Sra. Jolie tem sido extremamente difícil de rotular, ela é uma mulher que não pode ser facilmente colocada em uma única categoria, porque ela ocupa muitas ao mesmo tempo.

Ela é uma Deusa incomparável, bem como uma defensora da saúde das mulheres, que contou ao mundo sobre sua dupla mastectomia preventiva. Ela tem um perfil público meticulosamente gerenciado e ainda não se preocupa com o que os outros pensam sobre ela. Ela permanece perto do topo da cruel pirâmide de celebridade, mesmo quando seus filmes recentes ganharam dinheiro quando ela estava disfarçada ("Maleficent", "Kung Fu Panda"). Ela está obcecada - se, nos Estados Unidos pelo menos, não é exatamente amada - e taxada na base cultural americana, como megera, apesar de ter meia dúzia de filhos muito fortes.

Apesar do apetite do público por detalhes picantes de sua vida pessoal, existe um grande interesse pelos filmes que ela dirigiu, a Sra. Jolie se concentra em contar histórias obscuras e difíceis. Três dos quatro filmes que ela dirigiu, são ambientados em tempo de guerra, incluindo o mais recente, "First They Killed My Father ", baseado na história verídica de Loung Ung, como uma jovem sobrevivente do genocídio cambojano, além de também ser melhor amiga da Sra Jolie.

Enquanto os filmes anteriores da Sra. Jolie obtiveram críticas mornas, vários críticos classificaram "First They Killed My Father" como seu melhor filme até agora. É contado inteiramente do ponto de vista da menina, durante o regime do Khmer Vermelho, e recebeu uma ovação de pé nos Festivais de Cinema de Telluride, Toronto e Cambodia Town, onde tiveram estréia marcantes. A Netflix começou a transmiti-lo no dia 15 de setembro, mesmo dia que estreou também em um pequeno número de cinemas.

A Sra. Jolie disse que não poderia ter feito o filme se não tivesse dirigido pela primeira vez "Na Terra de Sangue e Mel " (2011) sobre a guerra da Bósnia e "Invencível" (2014), com base na história real de um soldado americano feito prisioneiro na Segunda Guerra Mundial. (Ela e o Sr. Pitt estrelaram juntos o drama de 2015, "By the Sea", sobre um casal em crise).

"Isso não foi um plano intencional, eu ia fazer filmes de guerra, é exatamente por isso que eu sou atraída", disse ela.

A Sra. Jolie tem uma conexão permanente com o Camboja, não menos importante porque reorganizou sua vida completamente. Antes da primeira visita em 2000 para atuar em "Lara Croft: Tomb Raider", ela tinha sido uma criança selvagem de Hollywood, uma esquisita e estranha gótica que no Oscar daquele ano, se vestiu como Elvira, A Rainha das Trévas, além de ter beijado seu irmão James Haven na boca. Ela também já havia demonstrado explicadamente e publicamente sua paixão por seu segundo marido, Billy Bob Thornton, e usava um medalhão com gotas do sangue dele ao redor de seu pescoço.

A graça e a humildade que ela viu no povo cambojano, juntamente com os efeitos duradouros do genocídio, causou um grande desconforto sobre sua vida em Hollywood.

"Uma vez que você é exposta ao que realmente está acontecendo no mundo, e a realidade de outras pessoas, você simplesmente não pode deixar de pensar, você não consegue acordar e fingir que nada está acontecendo, sua vida toda muda", diz ela.

Ela adotou Maddox , agora com 16 anos, de um orfanato em Battambang, divorciou-se de Thornton e se jogou nos trabalhos humanitários e ambientais, encontrando inspiração duradoura em sobreviventes de guerra e trabalhadores humanitários.

"A verdadeira vontade de sobreviver, a força do espírito humano e o amor entre as famílias se torna tão presente, é assim que todos nós deveríamos estar viver", disse Jolie. "Quando você está perto disso, é tão contagioso, você aprende muito com isso".

A temperatura do ar estava quente e abafada enquanto conversávamos, o sol ficava cada vez mais forte enquanto mais nos aproximavamos do meio-dia. Eu estava quase desmaiando, mas a Sra. Jolie, que adora o calor, estava tão serena como uma esfinge. (Nós nos mudamos para o clima do ar condicionado de sua cozinha.)

A Sra. Jolie é uma presença contida e equilibrada, mas também leve, quebrando de vez em quando o clima com uma risada. Ela está tão atraente como se parece no cinema; As linhas esculpidas de seu rosto ao lado da suavidade de seus olhos e da boca, fazem dela uma beleza além do universo. Embora leve como uma fada, ela diz que não se exercita, além de mergulhar na piscina com seus filhos ocasionalmente e vagamente pretende algum dia andar em uma esteira.

Embora ainda fosse agosto, seus filhos - Maddox, Pax, Zahara, Shiloh, Knox e Vivienne - já haviam iniciado o ano letivo estudando em casa. Eles a acompanhariam para os festivais de cinema de Telluride e Toronto - Maddox tem um crédito de produtor executivo no filme - e estavam compensando o tempo de aulas que perderiam, trabalhando com tutores em vários cantos da casa, aprendendo, entre outras coisas, o idioma árabe, linguagem de sinais e física.

Perguntei à Sra. Jolie se ela se sente como uma treinadora de um pequeno time, sua resposta foi que mais frequentemente, ela se sentia como parte de uma fraternidade.

"Eles realmente me ajudam tanto. Somos realmente uma grande força unida", disse ela. "Eles são os melhores amigos que já tive. Ninguém na minha vida já esteve tão perto de mim".

Aquela última frase ficou pairando no ar, talvez uma sutil alusão ou indagação ao Sr. Pitt, que adotou Maddox, Pax e Zahara, e é o pai biológico de Shiloh, Knox e Vivienne. A dissolução de seu relacionamento amoroso de 12 anos veio em setembro passado, depois de um incidente a bordo de um jato particular - alegadamente envolvendo o Sr. Pitt e Maddox - levando-a então, a entrar com o pedido de divórcio.

Pouco depois, a Sra. Jolie e as crianças saíram da propriedade do Sr. Pitts, se mudando para uma propriedade alugada em Malibu por nove meses, enquanto lutava com a decisão de comprar uma nova casa.

"Levei alguns meses para perceber que eu realmente teria que fazer isso. Que teria que haver outro lugar estável, independentemente de tudo ", disse ela, diminuindo o tom de sua voz, a ponto de soar um pouco baixa, isso acontece cada vez que o assunto da separação surge. "Que teria que haver uma casa. Outra casa".

A nova casa, no estilo Beaux Arts que já foi a residência do lendário cineasta Cecil B. DeMille, é linda, com uma biblioteca, gramados ondulados, fontes em cascata na piscina e uma visão maravilhosa do Observatório de Griffith. A Sra. Jolie construiu uma elaborada casa na árvore - "mais uma casa na árvore recreativa", disse ela - as crianças ajudaram a decorar e escolher os móveis para toda a casa. Eles têm um acordo, disse a Sra. Jolie, nem todos precisam concordar com tudo, mas você tem que tentar gostar, caso não odeie. Se você odiar, você pode rejeitar.

"Tem muitos momentos", disse a Sra. Jolie sobre a casa, "É feliz. Feliz e leve, e precisamos disso ".

Perguntei como todos estão agora.

"Nada disso é fácil. É muito, muito difícil, uma situação muito dolorosa, e eu só quero minha família saudável ", disse ela calmamente.

E eles? "Eles estão melhorando", ela disse, sua voz se aproximando da inaudibilidade.

Ela então da a entender que "First They Killed My Father" pode ter ajudado na sua decisão de deixar o Sr. Pitt. "O filme gira em torno dos membros da família de Ung, alguns dos quais sobreviveram, e durante a produção do filme, pensava muito sobre o que família significava, e como eles deveriam se ajudar e cuidar uns dos outros".

"Loung teve tantos horrores em sua vida, mas também teve muito amor, e é por isso que ela está bem hoje", disse a Sra. Jolie. "Isso é algo que eu preciso me lembrar".

Determinada a fazer do filme tão cambojano quanto possível, a Sra. Jolie se associou ao diretor cambojano Rithy Panh, que recebeu uma indicação ao Oscar por seu documentário de 2014, "The Missing Picture", e recrutou milhares de cambojanos como ajudantes. Segundo ela, Maddox era seu braço direito, trabalhando no roteiro, tomando notas nas reuniões e se comunicando com o Sr. Panh em francês. Algumas das cenas foram filmadas em locais onde ocorreram os massacres, de modo que a equipe pediu que os monges orassem, acendessem incensos e trouxessem oferendas de antemão.

"Ela é muito amada lá", disse o Sr. Panh, que serviu como produtor no filme. E acrescenta que ficou impressionado com a humildade da Sra. Jolie e como ela se comunicou intuitivamente com as crianças no set, apesar de seu pouco conhecimento do idioma cambojano. (Em uma entrevista para a revista Vanity Fair, Angelina disse que foi erroneamente interpretada em relação ao processo de seleção do filme)".

Loung Ung disse que Jolie, que tem cidadania cambojana, compartilha a sensibilidade de seus compatriotas. "No Camboja, você nunca ergue a sua voz, você fala gentilmente com as pessoas, você cumprimenta as pessoas com as mãos juntas e se curva", disse ela, "Tudo isso vem naturalmente para ela".

À medida que nossa entrevista vai se descontraindo, Jolie brinca dizendo que trabalharia em uma comédia. "Em algum momento, eu ficarei engraçada", disse ela rindo, e acrescenta que está trabalhando na sequencia de "Malévola ". "Isso foi um pouco engraçado", disse ela com ironia.

Angelina também parece ter consciência sobre como ela poderia ser vista pelo público; A rainha de gelo que tentou destruir o podre e adorado menino de Missouri, como é descrito em (sua entrevista reveladora na edição de verão da GQ Style que ajudou a melhor sua imagem como mais confiável). Mas ela cresceu com uma punk na escola, e esta acostumada a não se encaixar, e ser alguém com opiniões próprias sobre as pessoas.

"Eu nunca espero ser a única que todos entendam ou gostem", diz ela, caminhando para a porta da frente, "E estou bem com isso, porque eu sei quem eu sou e meus filhos sabem quem eu sou".

Então ela me abraça rapidamente e diz tchau, eu caminho no sol, nesse calor, enquanto o pesado portão de segurança lentamente se abre.

Fonte: New York Times

Comentários

Essa foi umas das entrevistas mais complicadas de traduzir, demorei por conta da linguagem e gírias que continham na entrevista, que era difícil identificar o significado, então caso tenha algum erro, ou declaração de difícil entendimento, por favor me comunique aqui pelos comentários dessa postagem, que irei corrigir.

Obrigado desde já.

PS: Agora irei começar a traduzir a People.
Anônimo disse…
Ah deu sim para entender a entrevista,o que chama atenção é que eles dizem(ela não é tão amada pelo povo americano,ela é vista como megera no USA)é óbvio que isso não é verdade,quando ela tava fazendo filmes lá no ano de 2010 foi publicado uma lista com as atrizes preferidas dos americanos e ela estava no topo dessa lista,os americanos são fãs e admira ela sim,agora coisa chata deles dizer que os americanos só amam os loiros do interior,tipo os republicanos vs os democratas tudo eles querem falar que é isso agora, na minha visão ela é bem admirada pelo seu país sim os americanos gostam dela sim🇺🇸 o que você acha disso administrador?
Anônimo disse…
Essas publicações são cínicas daqui a pouco eles vão dizer que os americanos nunca gostaram do John Kennedy,tipo só "o pessoal de nova York e Califórnia que gosta dele",sendo que a gente sabe que isso não é verdade,pois ele é amado em todo o país,acho bem chato as revistas e jornais ficarem dizendo isso do povo americano(eu acredito que a maioria dos americanos gosta da Angie)
Anônimo disse…
Ohhh! achei bem sensível a shiloh ficar triste pelo seu lagarto,ela ama animais🐊🐆🐰 ela é adorável e fofa,e o knox também é muito fofo.